
Nesta terça-feira (10), o Ibovespa (IBOV) começa o pregão em clima positivo, puxado por uma combinação de alívio inflacionário, expectativa por medidas fiscais alternativas ao aumento do IOF e avanço nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
Na abertura do pregão, por volta das 10:05, o principal índice da Bolsa de Valores Brasileira subia 0,58%, aos 136.489 pontos.
IPCA surpreende para baixo e aumenta aposta no fim do ciclo de alta da Selic
O principal gatilho para o Ibovespa nesta terça-feira (10) foi a divulgação do IPCA de maio, que subiu 0,26%, abaixo da mediana de 0,34% projetada pelos analistas e próximo do piso das estimativas de mercado.
O dado reforça a leitura de que a inflação está perdendo força e pode abrir espaço para que o Banco Central (BC) interrompa o ciclo de alta da taxa Selic, atualmente em 14,75%.
No acumulado de 12 meses, o IPCA ficou em 5,32%, também abaixo das expectativas (5,40%), mas ainda acima do teto da meta de inflação, que é de 4,50%.
O mercado interpreta a surpresa positiva como um sinal de que a pressão inflacionária está cedendo, mesmo com os efeitos de reajustes na energia elétrica e tarifas públicas, o que aumenta a expectativa de uma política monetária menos restritiva nos próximos meses.
Medidas fiscais podem evitar aumento do IOF
Outro fator que anima os investidores é a possível divulgação ainda hoje de uma Medida Provisória (MP) com medidas fiscais alternativas ao aumento do IOF, ideia que vinha sendo mal recebida pelos agentes econômicos.
Entre as propostas em discussão no Congresso estão a tributação de instrumentos hoje isentos de IR, como LCIs, LCAs, CRIs e CRAs, além do aumento de alíquotas sobre apostas esportivas e mudanças na tributação de aplicações financeiras e criptoativos.
Apesar de resistências no Senado, a expectativa é de que um acordo entre o Ministério da Fazenda e lideranças políticas ajude a evitar medidas impopulares e mantenha a trajetória de ajuste fiscal, ainda que baseada principalmente no aumento de arrecadação.
O economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, alertou que sem uma solução viável para 2025 e 2026, a sustentabilidade das contas públicas pode ficar comprometida, pressionando juros e afetando a economia.
Cautela com EUA-China e commodities também impactam Ibovespa
No cenário internacional, os mercados acompanham o segundo dia de negociações entre EUA e China, desta vez em Londres, para discutir tarifas comerciais.
O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou que as conversas estão “indo bem”, o que sustenta o otimismo global.
Enquanto isso, o Tribunal de Apelações dos EUA pode em breve decidir sobre a manutenção das tarifas impostas pelo governo Trump, o que adiciona um componente de incerteza ao radar de curto prazo.
No mercado de commodities, o minério de ferro voltou a cair (-0,85%) no pregão de Dalian, na China, negociado a US$ 97,26, pressionado por expectativa de maior oferta. Ainda assim, o ADR da Vale subia 0,21% no pré-mercado em Nova York.
Já o petróleo Brent subia 0,54%, cotado a US$ 67,40, refletindo o otimismo com uma possível distensão nas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo. O ADR da Petrobras acompanhava e subia 0,70%.