- Dólar recua após trégua tarifária entre EUA e China e menor tensão no comércio global
- Inflação dos EUA surpreende para baixo com alta de 0,2% no CPI de abril, frustrando expectativa de 0,3%
- Ata do Copom indica possível fim do ciclo de cortes da Selic, com exigência de política monetária mais rígida por mais tempo
O dólar à vista iniciou esta terça-feira (13) em forte queda diante do real, reagindo diretamente ao anúncio de uma trégua comercial entre Estados Unidos e China e à divulgação de dados de inflação mais fracos do que o esperado nos EUA.
O movimento derruba a cotação da moeda americana e impulsiona o apetite ao risco entre investidores globais. Contudo, que agora esperam uma postura mais branda da política monetária norte-americana.
Às 9h46, o dólar comercial à vista caía 0,72%, sendo cotado a R$ 5,643 na compra e R$ 5,644 na venda. Já o contrato futuro com vencimento em junho (o mais negociado da B3) recuava 0,16%, cotado a 5.689 pontos. No mercado de turismo, a moeda era vendida a até R$ 5,919.
Inflação anualizada
O alívio veio após o Departamento do Trabalho dos EUA divulgar que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) avançou apenas 0,2% em abril, abaixo da projeção de 0,3% feita por analistas ouvidos pela Lseg.
Com esse resultado, a inflação anualizada chegou a 2,3%, o que reforça a percepção de que o Federal Reserve pode postergar novas altas de juros ou até mesmo iniciar cortes ainda neste ano.
A notícia trouxe otimismo ao mercado, já sensibilizado por outro fator de peso: o anúncio de uma trégua tarifária entre Estados Unidos e China, revelada após intensas negociações ocorridas no fim de semana. As duas maiores economias do planeta concordaram em suspender temporariamente parte das tarifas impostas durante a guerra comercial. Dessa forma, sinalizando um ambiente mais favorável para o comércio internacional e a estabilidade cambial.
Expectativas e projeções
A trégua superou as expectativas de analistas, que esperavam apenas ajustes pontuais. Em vez disso, Washington e Pequim sinalizaram um compromisso mais amplo com a normalização gradual das relações comerciais. A medida, no entanto, despertou apetite ao risco, especialmente entre os investidores que operam em mercados emergentes como o Brasil.
No cenário interno, os operadores acompanham atentamente a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã pelo Banco Central.
O documento deixou claro que a autoridade monetária vê um ambiente de expectativas de inflação desancoradas. O que exige, segundo o BC, um nível maior de restrição monetária e por mais tempo do que seria necessário em condições normais. A leitura sugere que o ciclo de cortes da Selic pode ter chegado ao fim ou, ao menos, desacelerar nos próximos meses.
Além disso, investidores monitoram a divulgação de uma nova rodada de balanços corporativos, com atenção especial aos resultados da Petrobras, cujos números serão conhecidos ainda nesta terça.
A estatal tem impacto relevante sobre o Ibovespa e o câmbio, dada sua representatividade na economia brasileira e no mercado internacional de petróleo.
A valorização do real nesta terça acontece, portanto, em meio a uma confluência de fatores positivos.
A trégua comercial internacional, o alívio inflacionário nos EUA e a leitura da política monetária brasileira compõem um cenário mais favorável para ativos de risco, embora o ambiente siga volátil. Qualquer mudança na retórica do Federal Reserve ou novos desdobramentos entre China e EUA ainda pode mexer com o humor dos mercados nas próximas sessões.