
- Juros futuros recuam após Haddad negar aumento do Bolsa Família e pacote populista
- Ibovespa sobe 0,66% e renova máxima hstórica, com apoio de Vale, Itaú e frigoríficos.
- Dólar dispara a R$ 5,679, refletindo a tensão causada por rumores sobre aumento de gastos do governo
Os mercados brasileiros viveram uma montanha-russa nesta quarta-feira (15), marcada por forte volatilidade, impulsionada por rumores de um possível pacote de medidas populistas por parte do governo federal.
A notícia, que indicava a possibilidade de aumento no valor do Bolsa Família e outras ações voltadas à popularidade do Executivo, causou tensão entre investidores. Assim, gerando impacto imediato nos juros futuros, no câmbio e até na Bolsa.
A taxa de juros futuros (DI) saltou no meio da tarde, refletindo a preocupação com um possível aumento de gastos públicos. Contudo, as taxas voltaram a cair após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vir a público desmentir os boatos.
Ele afirmou, no entanto, que não há estudos para ampliar o Bolsa Família e que as únicas medidas em análise seguem voltadas ao cumprimento da meta fiscal de 2025.
“Não existe aumento do Bolsa Família. Não há qualquer medida de impacto fiscal em avaliação no momento. Nosso foco continua sendo a responsabilidade com as contas públicas”, garantiu Haddad.
Juros e dólar ontem
Ao final do dia, os juros fecharam em queda em toda a curva. A taxa DI para janeiro de 2026 caiu a 14,795%, ante 14,82% na véspera; para janeiro de 2027, passou de 14,155% para 14,145%. Já os contratos com vencimento em 2028 e 2029 também recuaram, sinalizando uma percepção de menor risco fiscal no médio e longo prazo.
Enquanto isso, o Ibovespa subiu 0,66% e renovou a máxima histórica, aos 139.334 pontos. Contudo, sustentado pelo fluxo de investidores estrangeiros e bons resultados corporativos.
Entre os destaques do pregão, a Vale (VALE3) subiu 1%, acompanhando a valorização de 1,17% do minério de ferro na Bolsa de Dalian, na China, que fechou cotado a US$ 102,16 a tonelada.
O Itaú (ITUB4) avançou 1,34%, refletindo o otimismo com os resultados do setor bancário. E, ainda, entre os frigoríficos, a BRF (BRFS3) disparou 7,01% e a Marfrig (MRFG3) ganhou 5%, na esteira da expectativa pela divulgação de balanços positivos após o fechamento do mercado.
Já o dólar comercial avançou 0,83%, a R$ 5,679, após atingir R$ 5,697 na máxima do dia. A moeda foi diretamente impactada pelos rumores sobre aumento de gastos. Mesmo após a negativa de Haddad, o mercado seguiu cauteloso.
“É uma mentira que faz sentido”, resumiu um gestor de câmbio, referindo-se à descrença do mercado na estabilidade do compromisso fiscal do governo em meio à queda de popularidade do presidente.
O dólar futuro para junho também subiu 0,73%, cotado a R$ 5,70, enquanto gestores como Gustavo Okuyama, da Porto, destacaram que a simples circulação de rumores sobre pacotes de aumento de despesas é suficiente para gerar reações intensas nos ativos brasileiros.
O que acontece no mercado?
Volatilidade nos mercados ocorre quando há alta incerteza e os preços de ativos oscilam de forma intensa e imprevisível. Neste caso, a ausência de clareza sobre os planos do governo e a sensibilidade do mercado fiscal foram os principais catalisadores do sobe e desce.
Para analistas, o episódio reforça a importância da comunicação clara do governo com o mercado.
“Mesmo uma informação desmentida oficialmente pode gerar desconfiança quando há um histórico de medidas surpresa”, afirma Filippe Santa Fé, head da ASA Investments.