Lucro da Embraer (EMBJ3) despenca 76% e acende alerta no mercado

• Dívida líquida recuou 68%, e alavancagem caiu para 0,4x, reforçando solidez financeira.
• Lucro ajustado da Embraer (EMBR3) caiu 76,4%, para R$ 289,4 milhões no 3T25.
• Receita líquida subiu 15,8%, para R$ 10,86 bilhões, com margem Ebitda em queda de 9,4 p.p.

A Embraer (EMBJ3) reportou um tombo de 76,4% no lucro ajustado do terceiro trimestre de 2025 (3T25), registrando R$ 289,4 milhões, contra R$ 1,22 bilhão no mesmo período de 2024. O desempenho acende um sinal de alerta no setor, apesar do avanço nas receitas e do recorde na carteira de pedidos.

O resultado foi divulgado nesta terça-feira (4) e reflete o impacto de custos operacionais mais altos, mesmo com o crescimento da receita líquida e do Ebit ajustado. O mercado reagiu com cautela, avaliando se o ritmo de entregas e margens da companhia conseguirá se recuperar nos próximos trimestres.

Receita cresce, mas margens desabam

A receita líquida da Embraer alcançou R$ 10,86 bilhões, alta de 15,8% em relação ao 3T24. No entanto, o Ebitda ajustado caiu 35,4%, totalizando R$ 1,27 bilhão, com margem Ebitda de 11,7%, uma queda de 9,4 pontos percentuais.

O Ebit ajustado subiu 17,6% e somou R$ 927,2 milhões, mostrando força operacional, mas insuficiente para compensar o impacto financeiro e cambial. Ainda assim, o trimestre confirmou avanço na performance comercial, especialmente no segmento de aviação executiva.

Os investimentos individuais da Embraer totalizaram R$ 575,3 milhões, levemente abaixo dos R$ 629,2 milhões de um ano antes. As despesas de capital (Capex) atingiram R$ 210,7 milhões, com foco em modernização e expansão de produção.

Eve pressiona caixa, mas impulsiona inovação

A Eve, subsidiária voltada à mobilidade aérea urbana, investiu R$ 260,4 milhões, quase o dobro do registrado no 3T24. Desse total, R$ 206,5 milhões foram aplicados em intangíveis, refletindo o desenvolvimento do eVTOL, o “carro voador” da companhia.

Somadas, Embraer e Eve investiram R$ 835,7 milhões no trimestre, frente a R$ 771,6 milhões um ano antes. O esforço reforça a aposta da holding em novas tecnologias e diversificação de receita, embora amplie a pressão de curto prazo sobre o caixa.

Apesar disso, o fluxo de caixa livre ajustado foi positivo em R$ 1,6 bilhão, sinalizando boa gestão de capital de giro. A carteira total de pedidos atingiu US$ 31,3 bilhões, um recorde histórico para a companhia.

Dívida despenca e alavancagem recua

A dívida líquida da Embraer caiu 68% em relação a 2024, encerrando setembro em R$ 1,05 bilhão.

O indicador dívida líquida/Ebitda ajustado ficou em 0,4 vez, redução de 0,9 ponto percentual, evidenciando menor alavancagem e melhora no perfil financeiro.

Essa redução fortalece a estrutura de capital e cria espaço para novos investimentos e recomposição de margens nos próximos trimestres.

Analistas avaliam que, mesmo com a queda no lucro, o balanço traz sinais positivos de sustentabilidade financeira e execução operacional.