Os preços futuros do minério de ferro recuaram nesta quinta-feira (12), em meio a cautela dos investidores com relação à falta de clareza nos termos do novo acordo comercial entre Estados Unidos e China — mesmo após o presidente americano, Donald Trump, afirmar estar “muito satisfeito” com o entendimento.
O contrato mais negociado na Bolsa de Dalian, com vencimento em setembro, caiu 0,21%, encerrando o dia a 704 iuanes (US$ 98,05) por tonelada. Já na Bolsa de Cingapura, os preços recuavam 0,5%, a US$ 94,50 por tonelada no início da manhã.
Uma trégua com mais perguntas do que respostas
Na quarta-feira (11), Trump declarou que um acordo havia sido alcançado com a China após uma ligação telefônica com o presidente Xi Jinping, e que o pacto dependia apenas da aprovação final dos dois líderes.
Segundo Trump, o acerto inclui compromissos bilaterais como o fornecimento de terras raras pela China e o acesso de estudantes chineses às universidades norte-americanas.
“Nosso acordo com a China está concluído, sujeito à aprovação final do presidente Xi e minha”, disse Trump na rede Truth Social.
Contudo, os detalhes permanecem vagos. Pequim confirmou o diálogo e reiterou seu compromisso com o consenso, mas sem divulgar pontos específicos.
O Ministério das Relações Exteriores da China destacou que “a China sempre manteve sua palavra e apresentou resultados”, reforçando que “os dois lados devem cumprir o que foi acordado”.
Impacto nos fundamentos do minério de ferro
Mesmo com o tom positivo, analistas alertam para os efeitos colaterais de um possível acordo.
Segundo um gerente de uma usina siderúrgica chinesa, caso se confirme a trégua, isso pode reduzir a chance de novos estímulos econômicos por parte de Pequim, o que tende a pressionar a demanda por matérias-primas.
Além disso, os fundamentos do mercado continuam frágeis. De acordo com Ge Xin, vice-diretor da consultoria Lange Steel, a produção de aço na China caiu pelas últimas duas semanas, sinalizando menor consumo de minério de ferro.
Contexto global conturbado
O novo acordo vem para reparar o fracasso do entendimento preliminar firmado em Genebra, que naufragou por divergências sobre restrições chinesas às exportações minerais e barreiras dos EUA à exportação de tecnologia avançada.
A Casa Branca explicou que os “55% de tarifas” citados por Trump incluem impostos acumulados de diferentes fases da guerra comercial, incluindo penalizações por exportações de fentanil e restrições impostas ainda em seu primeiro mandato.