
O empresário Nelson Tanure apresentou uma proposta de aquisição da Braskem (BRKM5) — a maior petroquímica da América Latina e, ao mesmo tempo, uma das mais endividadas —, segundo apuração do colunista do O Globo, Lauro Jardim.
A oferta vem em um momento delicado para a companhia, que registrou uma dívida líquida de US$ 6,6 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 25% em relação ao mesmo período de 2024.
Com resultados financeiros em queda livre e um ambiente operacional cada vez mais adverso, a Braskem tornou-se um alvo tanto promissor quanto problemático para investidores dispostos a apostar alto.
Compra da Braskem: uma operação complexa
Atualmente, o controle da Braskem está dividido entre Novonor (ex-Odebrecht), com 50,1% das ações com direito a voto, e a Petrobras, que detém o restante.
Contudo, qualquer mudança de comando na companhia depende da anuência de um consórcio de bancos credores, formado por Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e BNDES — todos com interesses sensíveis na reestruturação da dívida da companhia.
Fontes próximas à negociação revelam a Jardim que a proposta de Tanure inclui uma reconfiguração acionária em que a Novonor permaneceria com cerca de 5% de participação na Braskem, sinalizando uma saída controlada da antiga controladora e uma possível reestruturação da governança.
Aposta de risco ou jogada de mestre?
A investida de Tanure — conhecido no mercado por adquirir empresas em crise e reerguê-las com mão firme e negociações duras — é vista com cautela por analistas.
Segundo analistas, a Braskem tem ativos estratégicos e presença internacional, mas o passivo é monumental. “Não é um desafio trivial, mesmo para alguém com o histórico do Tanure”, afirma um gestor de fundos que acompanha o setor.
Nos bastidores, o movimento é interpretado como uma tentativa de assumir uma companhia com potencial industrial relevante, mas cujas fragilidades exigirão renegociação pesada com bancos, ajustes operacionais profundos e uma nova visão estratégica.
As informações são do Lauro Jardim, no O Globo.