Ações em queda

O que fez o Itaú BBA cortar a recomendação da Usiminas (USIM5)?

Perspectivas do banco para a companhia esfriaram e analistas projetam futuro difícil em termos de lucro

Usiminas
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Nesta terça-feira (17), investidores da Usiminas (USIM5) observam um desmoronamento sem precedentes nas ações da companhia. E o motivo? O Itaú BBA resolveu rebaixar a recomendação dos papéis de ‘compra’ para ‘neutro’. Mas o que levou o banco a fazer isso?

A nova avaliação veio acompanhada de um preço-alvo de R$ 5,90 — o que ainda representa um potencial de alta de cerca de 20% em relação ao fechamento de segunda-feira (16), mas embute um recado claro: o cenário para a siderúrgica se deteriorou mais rápido do que o esperado.

Em relatório assinado pelos analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares, o banco aponta um “momento difícil à frente” para a companhia.

Segundo os especialistas, a queda acentuada nos preços do aço plano no Brasil — de 14% desde março — compromete a tese de investimento que sustentava a recomendação positiva para a empresa.

Além da pressão nos preços, a concorrência de produtos importados ganhou força com a recente valorização do real. Dessa forma, acaba dificultando a competitividade da produção nacional e elevando os riscos para o mercado doméstico.

“Continuamos a ver um cenário desafiador para os produtores de aço plano no Brasil”, diz o time de analistas. Eles também cita um desempenho de custos mais fraco que o esperado.

Por volta das 12:10 desta terça-feira (17), as ações USIM5 caíam 5,27%, cotadas a R$ 4,68.

Corte na projeção de lucros da Usiminas

O Itaú BBA cortou a estimativa de EBITDA (lucro antes juros, impostos e amortizações) da Usiminas de R$ 3 bilhões para R$ 2 bilhões. O banco aponta custos mais baixos no mercado interno e um crescimento nas despesas operacionais como os principais impactos para essa expectativa.

O BBA observa que, atualmente, o valor de mercado da empresa equivale basicamente ao seu estoque atual menos a dívida líquida, o que implica que não há expectativa de geração de valor futura nos preços das ações — pelo menos no curto prazo.

Além disso, outro ponto crucial na mudança de recomendação está na ausência de gatilhos de valorização para a ação.

Com a expectativa de que o segundo semestre de 2025 permaneça pressionado por baixa demanda e margens apertadas, o banco entende que o papel da Usiminas pode continuar sem força para reagir, mesmo com o desconto aparente no valuation.

Assim, embora as ações ainda tenham algum potencial teórico de alta, o risco x retorno deixou de ser atrativo para o BBA.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.