
Analistas do Santander e do Bank of America (BofA) rebaixaram suas recomendações para as ações da Petrobras (PETR3)(PETR4), citando dividendos menos atrativos, um cenário macroeconômico desafiador e riscos regulatórios crescentes.
Ambos os bancos cortaram a recomendação de ‘compra’ para ‘neutra’. Por conta disso, os papéis da companhia operam em queda nesta segunda-feira (9). Por volta das 11:30, as ações PETR4 caíam 2,09%, cotadas a R$ 29,00, enquanto as PETR3 recuavam 1,62% a R$ 31,06.
Segundo o Santander, a Petrobras deve evitar o pagamento de dividendos extraordinários em 2025 e 2026, principalmente devido à queda recente dos preços do petróleo.
Isso levaria o dividend yield (retorno com dividendos) da companhia a níveis próximos aos de outras grandes petroleiras globais — retirando um dos principais atrativos que vinha sustentando a tese de investimento nas ações da estatal.
“Projetamos dividendos menos atraentes para a Petrobras em 2025-2026”, escreveram os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz. O banco prevê um dividend yield de apenas 10% neste ano — patamar considerado pouco competitivo quando comparado ao histórico recente da Petrobras e ao de seus pares internacionais, que giram entre 9% e 10%.
Diante desse novo cenário, o Santander rebaixou a recomendação de “compra” para “neutra” e cortou o preço-alvo da ação de R$ 44,00 para R$ 38,00 ao fim de 2026.
“Nossa recomendação ‘neutra’ para a Petrobras é baseada na situação financeira apertada da companhia para 2025-26, que pode apertar mais se o preço do petróleo ou a margem de refino caírem nos próximos trimestres”, alertaram.
A estatal deverá distribuir cerca de US$ 7,3 bilhões em dividendos em 2025 e US$ 6,8 bilhões em 2026 — sem considerar proventos extraordinários, que, segundo os analistas, seriam evitados para preservar a alavancagem da empresa.
Pressões adicionais do governo
O Santander também destacou riscos políticos e fiscais que rondam a Petrobras. Medidas em estudo pelo governo para aumentar a arrecadação podem atingir diretamente o setor de óleo e gás.
Entre as propostas estão a elevação de royalties, ajustes no preço de referência para cálculo de participações especiais e novos leilões de petróleo.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou recentemente o tom de cautela, afirmando que “o momento é de austeridade” em razão da volatilidade nos preços internacionais do petróleo e das incertezas sobre o crescimento global, principalmente com os impactos da guerra comercial entre China e Estados Unidos.
BofA também corta recomendação na Petrobras
O Bank of America seguiu na mesma linha. O banco rebaixou as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) de “compra” para “neutra” e reduziu o preço-alvo de R$ 42,00 para R$ 34,00. Para os papéis negociados em Nova York (ADRs), o corte foi de US$ 15,50 para US$ 12,50.
Os analistas do BofA citam um cenário macroeconômico mais desafiador, riscos regulatórios elevados e aumento no custo de capital da companhia. O banco ajustou o WACC da Petrobras de 14,8% para 15,4% e o prêmio de risco para 7,5%.
“O setor de petróleo e gás pode ser alvo de medidas arrecadatórias do governo, o que representa um risco adicional para a geração de caixa da Petrobras”, alertaram os analistas.
Eles estimam que o chamado “pacote petróleo” pode impactar negativamente o fluxo de caixa da estatal em até R$ 2 bilhões apenas com a possível unitização do campo de Jubarte.
Mesmo com dividendos projetados em dois dígitos — 12,2% em 2025 e 12,3% em 2026 — o diferencial competitivo da Petrobras se estreita. O pico de 35% a 45% visto em 2022 parece agora distante. Há ainda o risco de que esses dividendos ultrapassem a geração de caixa, pressionando a sustentabilidade financeira da companhia.
“Se os preços do petróleo permanecerem baixos, a Petrobras pode ser forçada a revisar sua política de dividendos”, apontou o BofA.