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Petróleo se recupera com decisão da OPEP+: entenda por que o cartel optou por cautela

Genial Investimentos avalia os impactos fiscais e geopolíticos por trás da escolha

Free Petroleo
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A OPEP+ – aliança entre os países produtores de petróleo – manteve o aumento de produção da commodity previamente acordado para julho de 2025, com um acréscimo de 411 mil barris por dia — decisão que trouxe alívio aos investidores e sustentou os preços do petróleo Brent, que voltaram a ser negociados na faixa de US$ 65,00 a US$ 66,00 por barril na última segunda-feira (2).

Segundo análise da Genial Investimentos, a manutenção do cronograma foi bem recebida: “Prevaleceu o bom senso”, destacou a casa, lembrando que muitos dos membros mais relevantes da OPEP enfrentam déficits fiscais com os preços atuais do petróleo.

“Entendemos que o cartel dificilmente ‘bancaria’ um aumento de oferta que agravasse a saúde fiscal de quase todos os seus membros”, pontua a casa.

A decisão contraria rumores que circularam na sexta-feira (30), quando se especulava que a OPEP poderia ampliar sua oferta além do combinado. O temor levou o Brent futuro a atingir a casa dos US$ 60, refletindo preocupações com uma possível queda nos preços do petróleo em função de um aumento agressivo da oferta.

Nesse sentido, a Genial faz um alerta importante: a OPEP, apesar de seu histórico de tentar manter os preços elevados, já atuou em diversas ocasiões com aumento deliberado da produção para baixar os preços — seja por razões estratégicas, políticas ou de reposicionamento dentro da geopolítica energética global.

O dilema dos produtores

Em um estudo anterior, a Genial destacou que quatro dos cinco países mais relevantes da OPEP — que, juntos, representam 67% das reservas e 80% da produção da OPEP+ — operam com déficits fiscais aos preços atuais.

Apenas Emirados Árabes Unidos, Líbia e Omã apresentam superávit orçamentário, mas respondem por apenas 14% das reservas e 18% da produção.

“Análises que se concentram exclusivamente nos break-evens fiscais sem considerar o contexto estratégico e geopolítico podem induzir a conclusões erradas”, alertam os analistas da casa.

A Venezuela, por exemplo, detém a maior reserva de petróleo, mas suas condições fiscais e produtivas distorcem a análise geral do cartel.

OPEP: peso histórico e influência contínua

Fundada em 1960, a OPEP reúne atualmente 13 países e tem como objetivo coordenar as políticas de produção e exportação de petróleo entre seus membros. Com o tempo, foi formada a aliança OPEP+, que inclui produtores estratégicos como a Rússia. Juntos, esses países ainda desempenham papel central na definição dos rumos do mercado global de petróleo.

A Genial reforça que entender a dinâmica da OPEP exige mais do que observar decisões pontuais de produção. “A organização é um ator geopolítico, não apenas econômico. Suas decisões refletem interesses que vão além da lógica de oferta e demanda.”

Para os analistas, a decisão de manter o cronograma sinaliza uma tentativa de equilíbrio por parte da OPEP. “Mesmo com os desafios fiscais enfrentados pelos países-membros, uma mudança abrupta na produção poderia desorganizar ainda mais o mercado”, finaliza a Genial.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.