Mercado frustrado!

Por que a MRV (MRVE3) foi 'tão mal' no 1T25? Veja o que preocupa os analistas

Resultados do primeiro trimestre vieram pressionados por impairment de ativos e queima de caixa

MRV (MRVE3)
Foto: reprodução

A MRV (MRVE3) frustrou analistas e investidores com o balanço financeiro do 1° trimestre de 2025 (1T25).

Embora tenha apresentado sinais positivos na operação brasileira, como o avanço da margem bruta, os impactos negativos vindos da subsidiária americana Resia — especialmente um impairment robusto — e a venda de recebíveis acabaram dominando a narrativa do período.

Por conta disso, as ações da companhia operam em queda nesta sexta-feira (9). Por volta das 11:20, os papéis caíam 9,76%, cotados a R$

Segundo a Genial Investimentos, os números do trimestre foram, de forma geral, “decepcionantes”.

“A intensidade da revisão dos ativos da Resia foi muito elevada. O impairment de US$ 36 milhões representa 34% do valor registrado no balanço. Isso naturalmente levanta dúvidas sobre a real capacidade da empresa de cumprir a meta de venda de US$ 800 milhões em ativos até 2026”, alerta a casa.

Impactos negativos pesam no resultado

Dois pontos principais pressionaram o resultado da MRV:

  • Venda de recebíveis na modalidade True Sale, que gerou um impacto líquido negativo de R$ 43 milhões;
  • Impairment de ativos da Resia, no valor de US$ 36 milhões (aproximadamente R$ 210 milhões), referente a empreendimentos vendidos no segundo trimestre de 2025.

Essa última revisão contábil é considerada crítica, pois coloca em dúvida o valor dos ativos da operação norte-americana e a eficácia do plano de desalavancagem da MRV, que depende fortemente da venda desses ativos.

“A DRE de 2025 já era esperada como fraca, mas a intensidade das revisões surpreendeu negativamente”, reforça a Genial.

Brasil dá sinais de recuperação, mas ainda sofre

Apesar dos pesares, a operação nacional mostrou evolução. A margem bruta ajustada da incorporação no Brasil subiu 2,3 pontos percentuais, atingindo 32,6% no 1T25 frente a 30,3% no 4T24 — um movimento relevante mesmo com o trimestre sendo historicamente mais fraco por conta da sazonalidade.

A Genial reconhece o avanço:

“A operação Brasil demonstrou recuperação, ainda que com atraso em relação aos pares. O crescimento da margem, mesmo com sazonalidade adversa, é um sinal positivo”, comenta a casa.

No entanto, mesmo com a melhora na rentabilidade, a operação nacional ainda registrou prejuízo de R$ 5 milhões, desconsiderando os efeitos da True Sale e encargos de dívida emitida para a Resia.

Queima de caixa continua sendo um problema

Outro ponto de atenção no trimestre foi a forte queima de caixa:

  • R$ 69 milhões na operação brasileira de incorporação
  • US$ 64 milhões na Resia

Esse cenário reforça os desafios da MRV (MRVE3) em equilibrar sua estrutura de capital e financiar seu plano de reestruturação.

Visão negativa sobre a MRV (MRVE3)

A análise da Genial aponta que, embora haja elementos encorajadores na frente doméstica, os impactos da Resia ofuscam qualquer recuperação no Brasil.

“A recuperação da operação no Brasil é bem-vinda, mas ainda insuficiente para compensar a deterioração vinda da Resia. O mercado deve reagir de forma negativa, principalmente diante da incerteza sobre o real valor dos ativos e a queima de caixa contínua”, conclui a corretora.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.