
Depois da BTG Pactual, Bradesco BBI, Ágora e Genial Investimentos cortar o preço-alvo das ações do Banco do Brasil – BB (BBAS3), ou até reduzir a recomendação de ‘compra’ para ‘neutra’, chegou a vez do Itaú BBA atualizar suas projeções sobre o banco. Em relatório publicado nesta terça-feira (11), o BBA reduziu o preço-alvo para a BBAS3 de R$ 29,00 para R$ 25,00. Segundo a análise, o banco público apresenta riscos “altos demais” e, por isso, deve apresentar pioras nos próximos trimestres.
Apesar do corte na sugestão de preço, o BBA manteve sua recomendação ‘neutra’ para as ações do Banco do Brasil.
O agro não está sozinho
O agronegócio, responsável por 1/3 da carteira de crédito do BB (R$ 400 bilhões), virou o centro das preocupações.
O Itaú BBA estima que o banco precisará provisionar até 8% adicional desse portfólio até 2026, pressionando os lucros. Mas o problema é mais amplo:
- Inadimplência em alta: Pessoas físicas e jurídicas também mostram deterioração, com pico só esperado para fim de 2026.
- Dividendos em xeque: O payout pode cair para 30% (yield de 6%), abaixo da meta histórica de 40-45%.
- “Indústria de recuperações judiciais”: O CFO Giovanni Tobias criticou produtores que adiam pagamentos na expectativa de perdão governamental — um “sinal amarelo”, segundo o BTG.
“As coisas ainda podem piorar antes de melhorar, e o balanço não está tão forte quanto antes”, alertou o BTG em relatório, que reduziu a recomendação de ‘compra’ para ‘neutra’.
Valuation atraente, mas com armadilhas
O BB negocia a apenas 0,6x o valor patrimonial (2025) e P/L de 5x — números que, em tese, sugeririam oportunidade. Porém, como explica o Itaú BBA: “Lucros fracos e incertezas limitam a reprecificação no curto prazo”.
O que deixou o mercado em alerta:
- Resolução 4.966 do CMN: Mudanças na contabilização de juros atrasados aceleraram as provisões, fazendo o provisionamento “subir de elevador”, nas palavras do próprio BB.
- Concorrência no agro: Produtores têm migrado para fontes alternativas de crédito, reduzindo a fidelidade ao banco público.
- Pressão política: A expectativa por programas de refinanciamento pode estar postergando pagamentos.
O veredito dos analistas: esperar para comprar BBAS3
Em menos de uma semana, Bradesco BBI, Ágora, Genial, BTG e agora BBA rebaixaram suas recomendações para as ações do BB.
A Genial foi a mais agressiva, cortando o preço-alvo de R$ 40 para R$ 31.
“O BB ainda tem um yield atrativo, mas os próximos trimestres serão de teste. Preferimos esperar maior claridade ou uma correção mais acentuada antes de voltar a recomendar compra, conclui a Genial.
Enquanto isso, os números falam por si:
- 2025: Lucro projetado caiu de R$ 37 bi para R$ 25 bi (Itaú BBA)
- ROE: De 18% para 12,8% em 2025
- Provisões: R$ 24 bi adicionais incorporados às estimativas