
A agência de classificação de risco Fitch reafirmou, na última segunda-feira (16), os ratings de crédito de longo prazo da Raízen (RAIZ4) em moeda estrangeira e local em ‘BBB’, além de manter o rating ‘AAA(bra)’ no âmbito nacional — o mais alto da escala brasileira.
No entanto, o que chama atenção no relatório não é a manutenção dos ratings, mas a mudança da perspectiva de “estável” para “negativa” dos ratings globais.
Segundo a agência, a revisão da perspectiva para negativa decorre de uma deterioração na estrutura de capital da Raízen, influenciada por dois fatores principais:
- Aumento expressivo do endividamento nos últimos trimestres.
- Fluxo de caixa operacional abaixo do esperado, o que reduz a capacidade da empresa de se autofinanciar.
Dessa forma, a Fitch projeta uma alavancagem líquida acima de 2,5 vezes por um período prolongado — um número que, embora ainda gerenciável, começa a destoar do perfil historicamente mais conservador da companhia.
Compromisso dos controladores da Raízen
Apesar do alerta, a Fitch reconhece que a Raízen não está parada diante do desafio. Os acionistas controladores — Cosan e Shell — demonstraram engajamento com uma estratégia de desalavancagem.
Um dos principais sinais foi o acordo para reduzir o pagamento de dividendos nos próximos dois anos, abrindo espaço para o reforço da estrutura de capital.
O que a mudança significa?
Sobretudo, a mudança de perspectiva indica que, embora a Raízen ainda tenha uma boa nota de crédito, o caminho à frente exige cautela.
A combinação de investimentos agressivos, crescimento acelerado e pressão sobre caixa precisa ser equilibrada com disciplina financeira.
A Fitch não está dizendo que a empresa vai perder o grau de investimento — mas está avisando que isso pode acontecer se a trajetória da dívida não for corrigida.