Juros no radar

Selic a 15%? Mercado aposta em alta na decisão de quarta-feira (18)

De acordo com uma pesquisa da XP Investimentos com gestores de fundos multimercado, taxa deve ser elevada em 0,25%

banco central economia 0413202012
banco central economia 0413202012

O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira (17) a reunião decisiva que pode levar a taxa básica de juros, a Selic, ao maior patamar desde 2016. A decisão sobre a taxa será divulgada na próxima quarta-feira (18), após fechamento de mercado.

De acordo com uma pesquisa da XP Investimentos com gestores de fundos multimercado, o mercado está dividido: 50% dos entrevistados acreditam que a Selic será elevada em 0,25 ponto percentual, chegando a 15% ao ano. A outra metade aposta na manutenção dos atuais 14,75%.

O cenário evidencia o dilema do Banco Central (BC) diante de um ambiente ainda pressionado por incertezas fiscais e instabilidade cambial, ao mesmo tempo em que há sinais de desaceleração na inflação.

Expectativas para o fim de 2025

Apesar da divisão quanto à decisão desta semana, os gestores convergem em um ponto: os juros devem continuar altos no médio prazo.

A nova média das projeções para o final de 2025 subiu para 14,83%, acima dos 14,77% apontados na pesquisa anterior, feita em maio.

Para a inflação de 2025, a projeção dos gestores recuou levemente para 5,35%, abaixo dos 5,44% estimados pelo mercado no último boletim Focus. A queda reflete a recente valorização do real, que tem aliviado pressões inflacionárias.

Já para o PIB, os gestores demonstraram mais otimismo. A projeção de crescimento para este ano foi revisada de 2,11% para 2,38%.

Redesenho das carteiras: fim do ciclo de alta à vista?

Um dos pontos mais relevantes do relatório da XP é o aumento das posições neutras em juros nominais e reais. Isso sinaliza que os gestores enxergam a possibilidade de encerramento do ciclo de alta da Selic, independentemente da decisão desta quarta-feira (18).

No mercado de câmbio, o relatório aponta uma mudança brusca no comportamento das carteiras. As posições compradas em dólar caíram de 70% em janeiro para apenas 5% em junho, enquanto as vendidas saltaram de 13% para 95%, indicando uma forte aposta na desvalorização da moeda americana — ou, pelo menos, em um real mais fortalecido no curto prazo.

Já no caso do euro, 100% dos gestores que operam com a moeda estão comprados, mostrando confiança na recuperação europeia e enxergando o continente como destino atrativo para o fluxo global.

Menos pessimismo com o cenário global e local

O relatório também traz dados sobre o humor dos gestores com a economia global e o cenário doméstico.

No plano internacional, o pessimismo caiu de 68% em maio para 41% em junho. A visão neutra subiu para 44%, e a positiva, embora ainda minoritária, cresceu para 15%. A melhora é atribuída ao “alívio das tensões comerciais”, segundo os analistas.

No cenário brasileiro, o sentimento negativo também cedeu, passando de 35% para 22%. A posição neutra subiu para 43% e a positiva alcançou 30%, mostrando que, apesar da instabilidade política e fiscal, os gestores estão menos avessos ao risco local.

Bolsa brasileira: otimismo tímido

Na renda variável, o Brasil segue com um leve viés positivo: 44% dos gestores estão comprados em ações locais (ante 42% no levantamento anterior), enquanto as posições vendidas recuaram para 15%. Já nos EUA e no restante do mundo, a postura é majoritariamente neutra.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.