
O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira (17) a reunião decisiva que pode levar a taxa básica de juros, a Selic, ao maior patamar desde 2016. A decisão sobre a taxa será divulgada na próxima quarta-feira (18), após fechamento de mercado.
De acordo com uma pesquisa da XP Investimentos com gestores de fundos multimercado, o mercado está dividido: 50% dos entrevistados acreditam que a Selic será elevada em 0,25 ponto percentual, chegando a 15% ao ano. A outra metade aposta na manutenção dos atuais 14,75%.
O cenário evidencia o dilema do Banco Central (BC) diante de um ambiente ainda pressionado por incertezas fiscais e instabilidade cambial, ao mesmo tempo em que há sinais de desaceleração na inflação.
Expectativas para o fim de 2025
Apesar da divisão quanto à decisão desta semana, os gestores convergem em um ponto: os juros devem continuar altos no médio prazo.
A nova média das projeções para o final de 2025 subiu para 14,83%, acima dos 14,77% apontados na pesquisa anterior, feita em maio.
Para a inflação de 2025, a projeção dos gestores recuou levemente para 5,35%, abaixo dos 5,44% estimados pelo mercado no último boletim Focus. A queda reflete a recente valorização do real, que tem aliviado pressões inflacionárias.
Já para o PIB, os gestores demonstraram mais otimismo. A projeção de crescimento para este ano foi revisada de 2,11% para 2,38%.
Redesenho das carteiras: fim do ciclo de alta à vista?
Um dos pontos mais relevantes do relatório da XP é o aumento das posições neutras em juros nominais e reais. Isso sinaliza que os gestores enxergam a possibilidade de encerramento do ciclo de alta da Selic, independentemente da decisão desta quarta-feira (18).
No mercado de câmbio, o relatório aponta uma mudança brusca no comportamento das carteiras. As posições compradas em dólar caíram de 70% em janeiro para apenas 5% em junho, enquanto as vendidas saltaram de 13% para 95%, indicando uma forte aposta na desvalorização da moeda americana — ou, pelo menos, em um real mais fortalecido no curto prazo.
Já no caso do euro, 100% dos gestores que operam com a moeda estão comprados, mostrando confiança na recuperação europeia e enxergando o continente como destino atrativo para o fluxo global.
Menos pessimismo com o cenário global e local
O relatório também traz dados sobre o humor dos gestores com a economia global e o cenário doméstico.
No plano internacional, o pessimismo caiu de 68% em maio para 41% em junho. A visão neutra subiu para 44%, e a positiva, embora ainda minoritária, cresceu para 15%. A melhora é atribuída ao “alívio das tensões comerciais”, segundo os analistas.
No cenário brasileiro, o sentimento negativo também cedeu, passando de 35% para 22%. A posição neutra subiu para 43% e a positiva alcançou 30%, mostrando que, apesar da instabilidade política e fiscal, os gestores estão menos avessos ao risco local.
Bolsa brasileira: otimismo tímido
Na renda variável, o Brasil segue com um leve viés positivo: 44% dos gestores estão comprados em ações locais (ante 42% no levantamento anterior), enquanto as posições vendidas recuaram para 15%. Já nos EUA e no restante do mundo, a postura é majoritariamente neutra.