Pedalada fiscal?

Banco Alemão chama Governo Lula de "Dilma 2"

Relatório do Deutsche Bank aponta que o terceiro mandato de Lula segue a linha econômica do segundo mandato de Dilma Rousseff.

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  • O governo Lula segue políticas fiscais expansivas, como as de Dilma, com risco de inflação e aumento da dívida
  • O Brasil deve crescer abaixo de 2% em 2025, com inflação em 5%, impulsionada pela desvalorização do câmbio
  • A expansão de transferências sociais pode comprometer a sustentabilidade fiscal, exigindo alta da Selic para controlar a inflação
  • As eleições de 2026 geram insegurança política, o que pode piorar a vulnerabilidade econômica do Brasil

O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva tem sido marcado por um cenário econômico que remete cada vez mais ao segundo mandato de Dilma Rousseff. A avaliação vem do banco alemão Deutsche Bank. Que, em seu relatório “Emerging Markets Outlook 2025”, descreve o atual momento da economia brasileira com o título provocativo “Dilma II, Reloaded”.

Segundo o documento, a estratégia econômica adotada pelo governo Lula segue uma linha parecida com a de seu antecessor, com políticas expansionistas que têm gerado preocupações sobre a sustentabilidade fiscal. Além do crescimento do país e a estabilidade da moeda.

O relatório elaborado pela equipe do Deutsche Bank, liderada por Drausio Giacomelli, diretor da instituição em Nova York, destaca que o Brasil se encontra entre os países mais vulneráveis do grupo dos mercados emergentes.

Dificuldades na economia

A avaliação é de que as dificuldades relacionadas ao crescimento econômico e às reformas fiscais são determinantes para esse quadro preocupante. Uma das principais críticas do Deutsche Bank é a estratégia do governo brasileiro de expandir as transferências para a classe média. O que, de acordo com os economistas do banco, gera riscos fiscais, inflação mais alta e uma moeda enfraquecida.

O relatório ressalta que o pacote fiscal recentemente divulgado pelo governo, que inclui aumento nas transferências para a classe média, pode agravar ainda mais esse cenário, comprometendo a sustentabilidade fiscal do país.

O Deutsche Bank projeta um crescimento econômico abaixo de 2% para o Brasil em 2025, uma taxa que representa um grande desafio para o país. Especialmente considerando a importância do crescimento para a recuperação pós-pandemia.

Além disso, a inflação deve seguir uma trajetória fora da meta, com uma projeção de aumento de 5% para o próximo ano, impulsionada pela desvalorização do câmbio.

A análise do banco também prevê que a dívida pública brasileira deve alcançar 90% do PIB até 2027. Contudo, o que coloca ainda mais pressão sobre as contas do governo. Para lidar com esse cenário, a equipe do Deutsche Bank acredita que o Banco Central terá que adotar medidas mais restritivas, elevando a taxa Selic para 14,5%.

Comparação entre mandatos

A comparação entre o governo Lula e o mandato de Dilma Rousseff não é novidade para analistas econômicos. O Deutsche Bank recorda que, durante o governo Dilma, a inflação e o câmbio estavam intimamente associados à política fiscal. E, assim, que a combinação de uma política fiscal expansionista com a falta de superávits primários levou a um aumento da inflação e à desvalorização do real.

A equipe do banco destaca que, entre 2013 e 2014, houve um aumento abrupto na taxa de juros, de 7,25% para 14,25%, como resposta à falha fiscal durante o governo de Dilma. O que culminou na recessão econômica que o Brasil experimentou entre 2015 e 2016.

Para o Deutsche Bank, as semelhanças entre as políticas adotadas por Lula e Dilma são evidentes.

Aumento da “popularidade”

O governo Lula tem adotado uma abordagem similar, utilizando políticas baseadas na demanda para aumentar a popularidade. Dessa forma, com a expansão do Bolsa Família e outros programas sociais voltados para as classes mais baixas.

Além de um forte incentivo ao crédito, com ênfase no apoio ao empresariado e à classe média por meio de instituições financeiras públicas, como o BNDES.

O relatório observa que, ao expandir a economia de forma artificial, a gestão atual do Brasil corre o risco de repetir a dinâmica. Esta, portanto, que levou o país à recessão no final do mandato de Dilma.

A instabilidade política e econômica também preocupa os analistas do Deutsche Bank, especialmente com as eleições presidenciais de 2026 se aproximando.

O próximo ano será decisivo para a formação das coalizões políticas que irão disputar o Palácio do Planalto. E, a incerteza sobre quem assumirá o governo nos próximos anos adiciona uma camada extra de complexidade à situação econômica do país.

O banco alerta que as perspectivas para o Brasil são desafiadoras e que as políticas fiscais adotadas pelo governo Lula podem colocar em risco a recuperação econômica. Além de exacerbar a vulnerabilidade do país no cenário global.

Em resumo

Em resumo, o relatório do Deutsche Bank sobre o Brasil pinta um quadro preocupante para os próximos anos. Com uma economia que deve crescer a taxas abaixo de 2%, inflação elevada e uma dívida pública em ascensão, o país enfrenta desafios significativos em termos de estabilidade fiscal e crescimento sustentável.

A comparação com o segundo mandato de Dilma Rousseff sugere que o Brasil está novamente seguindo um caminho de políticas expansionistas. Contudo, que podem ter consequências negativas no médio e longo prazo.

O governo Lula precisará encontrar um equilíbrio entre os programas sociais e a necessidade de reequilibrar as contas públicas. Dessa forma, para evitar repetir os erros do passado e garantir uma recuperação econômica duradoura.