Energia valorizada

Blackstone compra TXNM por US$ 5,7 bilhões e aposta em utilities no Novo México

Aquisição da TXNM Energy marca nova fase no mercado energético dos EUA, impulsionado por data centers e eletrificação industrial.

Blackstone
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  • Blackstone comprou a TXNM Energy por US$ 5,7 bilhões, totalizando US$ 11,5 bilhões com dívida.
  • Acordo reflete a explosão do consumo elétrico nos EUA, impulsionada por data centers e eletrificação.
  • Aquisição não aumenta alavancagem e inclui ativos estratégicos no Novo México e Texas.

A gigante de private equity Blackstone anunciou a aquisição da TXNM Energy por US$ 5,7 bilhões, incluindo a dívida líquida no valor final de US$ 11,5 bilhões. Com o setor elétrico dos EUA em plena transformação, a gestora aposta na expansão da demanda provocada por fábricas, data centers e a eletrificação crescente da economia. O acordo sinaliza uma nova corrida por ativos de utilities estratégicos.

Demanda energética redefine o setor

Depois de décadas de estabilidade, o consumo de energia elétrica nos Estados Unidos está em forte ascensão. Isso ocorre principalmente devido à construção acelerada de centros de dados, fábricas de alta tecnologia e à ampliação do uso de veículos elétricos. Esses fatores vêm pressionando a infraestrutura elétrica, exigindo investimentos robustos.

Nesse cenário, a compra da TXNM pela Blackstone se destaca. Embora pareça uma operação isolada, ela reflete uma tendência maior, em que grandes investidores globais buscam ativos essenciais para o novo ciclo de crescimento industrial.

A TXNM, anteriormente chamada de PNM Resources, atende mais de 800 mil clientes residenciais e empresariais nos estados do Novo México e Texas. A empresa é dona de duas concessionárias regionais e possui ativos estratégicos para garantir o fornecimento contínuo de energia no sudoeste americano.

Além disso, os acionistas da TXNM receberão US$ 61,25 por ação, o que representa um prêmio relevante sobre o valor de mercado anterior. Essa valorização provocou uma alta de até 15% nas ações da empresa no pré-mercado da Bolsa de Nova York, atingindo US$ 60,94. Isso demonstra a confiança do mercado no potencial do setor.

Nova corrida por ativos de energia

Nos últimos meses, o mercado energético norte-americano foi palco de diversas aquisições expressivas. A NRG, por exemplo, investiu US$ 12 bilhões em ativos com capacidade de geração de 13 gigawatts. Já a Vistra adquiriu usinas a gás por US$ 1,9 bilhão, somando 2,6 gigawatts de potência. Em paralelo, a Constellation Energy anunciou a compra da Calpine por US$ 16,4 bilhões.

Nesse ambiente competitivo, a Blackstone avança sobre a TXNM por meio de sua divisão de infraestrutura. Diferentemente de outros fundos, a gestora optou por não elevar a alavancagem da empresa. Em vez disso, usará capital próprio e estruturas com investidores institucionais, o que reduz os riscos financeiros da operação.

Com essa escolha, a empresa reafirma seu foco em ativos regulados e com retorno previsível. Afinal, diante do crescimento acelerado da demanda elétrica, as distribuidoras de energia devem se tornar peças-chave para viabilizar a nova fase da industrialização e digitalização dos EUA.

Histórico de negociações e apoio institucional

Importante lembrar que esta não foi a primeira tentativa de venda da TXNM. Em 2020, a espanhola Iberdrola, por meio da subsidiária americana Avangrid, tentou adquirir a empresa por US$ 4,3 bilhões. No entanto, o acordo foi barrado pelos reguladores do Novo México, que levantaram dúvidas sobre o impacto da operação nos serviços prestados à população local.

Agora, o contexto é diferente. A estrutura proposta pela Blackstone é mais robusta e transparente. Além disso, a operação conta com o apoio de instituições de peso. A TXNM é assessorada pela Wells Fargo como consultora principal, com participação também do Citigroup. Do lado comprador, a Blackstone tem suporte financeiro do JPMorgan e da RBC Capital Markets, além de apoio jurídico da renomada Kirkland & Ellis.

Com isso, aumenta-se a expectativa por uma aprovação mais célere dos reguladores. O momento favorece esse desfecho, já que o setor elétrico precisa de reforços urgentes para atender à nova demanda econômica.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.