Congelamento do salário

Brasil "está na UTI" e salário mínimo deveria ser congelado, defende ex presidente do BC

Armínio Fraga defende congelamento do salário mínimo e critica gastos com previdência, além de propor seis anos sem aumento real do mínimo.

Armínio Fraga - Reprodução: VEJA Editorial
Armínio Fraga - Reprodução: VEJA Editorial
  • Economista defende seis anos sem aumento real do mínimo para conter gastos públicos
  • Segundo Fraga, despesas com previdência e salários comprometem 80% do orçamento
  • O economista critica agressividade dos EUA e recomenda independência nas relações internacionais

Durante sua participação na Brazil Conference, realizada na Universidade de Harvard e no MIT, nos Estados Unidos, o economista Armínio Fraga defendeu uma medida polêmica: congelar o salário mínimo em termos reais por seis anos.

Ex-presidente do Banco Central entre 1999 e 2003, Fraga argumentou que essa seria uma ação necessária para viabilizar um ajuste fiscal estrutural no Brasil. Segundo ele, o atual nível de gastos públicos é insustentável, especialmente devido ao peso das despesas com a previdência e a folha salarial do setor público.

A proposta de congelamento em termos reais significa que o salário mínimo seguiria sendo reajustado apenas pela inflação, sem qualquer ganho real de poder de compra.

Isso representaria uma mudança significativa na política atual, já que o governo Lula tem adotado aumentos acima da inflação como uma promessa de valorização da renda básica da população.

Fraga alerta para colapso fiscal e cobra mudanças

Armínio Fraga não poupou críticas à estrutura de gastos do setor público brasileiro. Ele afirmou que o Brasil precisa passar por uma “reforma radical” no Estado e alertou para o peso crescente das despesas obrigatórias.

“Hoje, cerca de 80% do orçamento está comprometido com folha de pagamentos e previdência. Isso é completamente fora da curva”, afirmou.

Segundo o economista, a maior parte do orçamento está engessada, o que impede o governo de investir em áreas prioritárias como educação, saúde e infraestrutura.

Ele destacou que a previdência, em especial, consome uma fatia desproporcional dos recursos públicos e, segundo ele, a situação está se agravando rapidamente.

“Todos os estudos mostram que a previdência está piorando de forma assustadora. São regras que precisam ser refeitas com urgência”, defendeu.

Para Fraga, o controle desses gastos é condição essencial para evitar uma crise fiscal de grandes proporções nos próximos anos.

Economista prega cautela diplomática

Além das questões fiscais internas, Fraga também abordou o cenário internacional. Ao comentar sobre o posicionamento do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ele demonstrou preocupação com o rumo das relações diplomáticas globais.

“Quando vejo o presidente dos Estados Unidos maltratando, humilhando países como o Canadá e o México, fico assustado. Onde vamos desse jeito?”, questionou.

Diante desse ambiente internacional instável, o economista recomendou que o Brasil adote uma postura mais independente e estratégica em suas relações exteriores.

“O melhor para o Brasil neste momento é manter certa independência e agir com mais cautela nas suas posições”, afirmou.

Ele sugeriu que o país evite alinhar-se automaticamente a blocos ou lideranças internacionais, especialmente em contextos de conflito e polarização.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativa. Aprecio a arte, a cultura e a sociedade!

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