- O Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 5,162 bilhões em julho. Isto, conforme anunciado pelo Banco Central nesta segunda-feira (26)
- O saldo negativo acumulado em 12 meses alcançou 1,56% do PIB, superando as expectativas de mercado, que previa um déficit de US$ 4 bilhões, segundo pesquisa da Reuters
- Em contraste, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 7,258 bilhões em julho, superando a projeção de US$ 6 bilhões
O Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 5,162 bilhões em julho. Isto, conforme anunciado pelo Banco Central nesta segunda-feira (26). O saldo negativo acumulado em 12 meses alcançou 1,56% do PIB, superando as expectativas de mercado, contudo, que previa um déficit de US$ 4 bilhões, segundo pesquisa da Reuters. Em contraste, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 7,258 bilhões em julho, superando a projeção de US$ 6 bilhões.
Durante o mês, a conta de renda primária teve um déficit de US$ 7,829 bilhões. Assim, uma leve melhoria em relação ao saldo negativo de US$ 8,224 bilhões registrado no mesmo período do ano passado. As despesas líquidas com lucros e dividendos associadas a investimentos diretos e em carteira foram de US$ 3,507 bilhões. Uma redução de 21,4% em comparação com julho de 2023. No entanto, as despesas líquidas com juros aumentaram para US$ 4,374 bilhões, alta de 15,6% em relação ao ano anterior.
A balança comercial, no entanto, apresentou um superávit de US$ 7,070 bilhões. Assim, abaixo dos US$ 7,586 bilhões registrados no mesmo mês de 2023. O Brasil exportou bens no valor de US$ 31,161 bilhões. Representando um aumento de 9,3% em relação ao ano passado, enquanto as importações subiram 15,2%, alcançando US$ 24,092 bilhões. O déficit na conta de serviços foi de US$ 4,751 bilhões, comparado ao déficit de US$ 3,160 bilhões em julho do ano anterior.
Além disso, a partir de junho, o Banco Central deixou de considerar as compras de ativos em criptomoedas como importações que afetam a balança comercial, o que ajudou a reduzir o déficit em conta corrente, alinhando-se às diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ativos em criptomoedas
Desde 2019, os ativos em criptomoedas eram classificados como bens, o que fazia com que a intensa importação desses ativos pelos brasileiros reduzisse o superávit comercial de acordo com o critério do Banco Central.
Agora, o Banco Central registrará os criptoativos na linha de conta de capital do balanço de pagamentos, que abrange transações de compra e venda de ativos não financeiros e não produzidos, além de transferências de capital.
Governo tem rombo de R$ 40,9 bilhões em Junho; déficit acumulado é de R$ 272,2 bi
O setor público consolidado teve déficit de R$ 40,9 bilhões em junho deste ano. No acumulado de 12 meses, o déficit do setor público consolidado foi de R$ 272,2 bilhões.
O resultado equivale a 2,44% do Produto Interno Bruto (PIB). E é 0,08 ponto percentual (p.p) inferior ao déficit acumulado dos doze meses até maio.
Em junho, o governo central – o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o próprio BC – e as empresas estatais tiveram déficits respectivos de R$ 40,2 bilhões e R$ 1,7 bilhão. E os governos regionais, superávit de R$ 1,1 bilhão.
Em junho, os juros nominais do setor público não financeiro consolidado, apropriados por competência, somaram R$ 94,9 bilhões. Isto, ante os R$ 40,7 bilhões registrados no mesmo mês de 2023. Essa evolução foi influenciada pelo resultado das operações de swap cambial (perda de R$ 28,6 bilhões em junho de 2024 e ganho de R$ 20,5 bilhões em junho de 2023).
Juros nominais
No acumulado em doze meses até junho deste ano, os juros nominais alcançaram R$ 835,7 bilhões (7,48% do PIB). Comparativamente a R$ 638,1 bilhões (6,06% do PIB) nos doze meses até junho de 2023.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 135,7 bilhões em junho. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou 9,92% do PIB, ficando em R$ 1.108 bilhão. Ante déficit nominal de R$ 1.061,9 bilhão (9,56% do PIB) acumulado até maio de 2024.
O BC informou ainda que a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) fechou junho em 62,2% do PIB (R$ 6,9 trilhões). Dessa forma, um aumento de 0,1 p.p do PIB no mês.
“Esse resultado refletiu os impactos dos juros nominais apropriados (aumento de 0,8 p.p.), do déficit primário (+0,4 p.p.), da desvalorização cambial de 6,1% no mês (-0,7 p.p.), e da variação do PIB nominal (-0,3 p.p.)”, disse o BC.
No ano, o impacto dos juros nominais, de +4,1 p.p., do reconhecimento de dívidas (+0,2 p.p.), do efeito do crescimento do PIB nominal (-1,7 p.p.). E, assim, do efeito da desvalorização cambial de 14,8% acumulada no ano (-1,6 p.p.) resultou numa elevação da DLSP de 1,3 p.p. do PIB.