
- Cade aprovou a operação entre BRB e Banco Master sem restrições, mas essa decisão pode ser revertida em até 15 dias.
- A assinatura envolve aquisição de 58,04% do Master, com foco em expansão digital e de crédito.
- A transação só será finalizada com o aval do Banco Central, que avaliará aspectos financeiros e de governança.
A Superintendência-Geral do Cade aprovou hoje o acordo entre o Banco de Brasília (BRB) e o Banco Master, sem restrições. Contudo, a decisão só torna-se definitiva após 15 dias, desde que nem o Tribunal do Cade nem terceiros recorram. Apesar disso, ainda é necessário o aval do Banco Central para concluir a operação.
Aprovação técnica e implicações imediatas
A publicação do parecer no site do Cade, assinada por Alexandre Barreto, confirmou a ausência de barreiras à concorrência. Além disso, o documento afirma que não houve impacto consolidante relevante nos mercados de atuação das duas instituições. Assim, o caminho segue livre de exigências adicionais.
Entretanto, a aprovação pela Superintendência-Geral é apenas um passo. Isso porque, caso o Tribunal do Cade decida rever o parecer ou caso terceiros apresentem recursos, o processo pode ser reaberto. Portanto, o período de 15 dias funciona como uma janela para impugnações ou questionamentos.
Enquanto isso, as equipes jurídicas e regulatórias do BRB e do Master já se organizam para iniciar os procedimentos de integração interna. Mesmo assim, a operação só será plenamente implementada após o aval do Banco Central, que tende a analisar aspectos como governança e estabilidade financeira.
Fase de homologação e riscos de contestação
Nos próximos 15 dias, diferentes atores podem se manifestar: além do Tribunal, clientes, concorrentes e associações de classe têm legitimidade para questionar o acordo. Portanto, embora o Cade tenha sinalizado positivamente, ainda há margem para atrasos caso surjam novos argumentos contrários.
Em caso de recurso aceito, abre-se um novo ciclo de análise, que pode prolongar o processo. Contudo, como não há sobreposição de produtos ou concentração significativa de mercado — conforme critérios técnicos — a expectativa é de nenhuma impugnação se sustentar.
Ademais, o Banco Central, em sua etapa, poderá solicitar ajustes ou compromissos adicionais sobre governança, controles internos ou capitalização. Logo, o processo ainda depende de articulações internas e externas que vão além do parecer técnico.
Estratégia de expansão e sinergias operacionais
O BRB, estatal do Distrito Federal, planeja ampliar sua presença no Sudeste e reforçar atuação em crédito consignado, financiamento imobiliário e investimentos. Ao absorver 58,04% do Master — dividido em 49% ordinárias e 100% preferenciais —, o banco espera capturar sinergias relevantes em operações digitais.
Além disso, a operação permite ao BRB incorporar a base de clientes do Will Bank e do Credcesta, ambos controlados pelo Master. Esse movimento visa aumentar a eficiência operacional e oferecer produtos mais competitivos. Inclusive, segundo fontes próximas à negociação, o BRB projeta economias de escala e receita incremental de até R$ 2 bilhões em cinco anos.
Porém, o acordo exclui ativos de risco, como precatórios, que foram direcionados a um grupo independente sob gestão do atual controlador, Daniel Vorcaro. Com isso, o BRB evita assumir passivos problemáticos, fortalecendo a estratégia de integração e mitigação de risco.