
- CEO Lars Jørgensen deixa o comando da Novo Nordisk após oito anos, em meio a pressão por renovação e queda das ações
- Fundação controladora pressiona por mudanças na liderança e prepara retorno de ex-CEO ao conselho
- Mercado reage negativamente à incerteza sobre o futuro da gestão e cobra novo rumo estratégico para a gigante dos medicamentos
A Novo Nordisk, gigante dinamarquesa do setor farmacêutico e mundialmente conhecida por seus medicamentos para diabetes e obesidade como Ozempic e Wegovy, anunciou nesta sexta-feira (16) a saída do CEO Lars Fruergaard Jørgensen.
O anúncio pegou o mercado de surpresa e provocou uma queda imediata de 3% no valor das ações da companhia. Dessa forma, sinalizando desconfiança entre os investidores em relação ao futuro da liderança da empresa.
Jørgensen comandou a farmacêutica nos últimos oito anos, período em que a Novo Nordisk viu um crescimento robusto impulsionado pelo sucesso global de seus medicamentos baseados em semaglutida.
Apesar disso, nos últimos meses, a empresa enfrentou uma combinação de pressões. Dessa forma, desde dificuldades na cadeia de suprimentos até questionamentos sobre a capacidade de manter o ritmo de crescimento e inovação.
No comunicado oficial, a empresa afirmou que o executivo continuará no cargo durante um período de transição para garantir estabilidade até que um novo CEO assuma o comando. O processo de sucessão, no entanto, já está em andamento, mas a empresa ainda não divulgou o nome do substituto.
“Servir como CEO da Novo Nordisk foi um privilégio e uma experiência transformadora”, declarou Jørgensen, reforçando seu comprometimento com uma transição tranquila.
Mudanças na governança
Além das pressões do mercado, fontes próximas à empresa indicam que a saída do executivo se relaciona também a um movimento estratégico da Fundação Novo Nordisk, com maioria dos votos na assembleia geral para acelerar mudanças na governança.
A fundação teria iniciado conversas com o conselho de administração para reavaliar o perfil da liderança e buscar um executivo mais alinhado aos desafios da próxima década. Assim, com mais inovação biotecnológica, expansão internacional e resposta às regulações emergentes sobre medicamentos para perda de peso.
Como parte desse reposicionamento, Lars Rebien Sørensen, atual presidente da Fundação Novo Nordisk e ex-CEO da farmacêutica entre 2000 e 2016, passará a acompanhar as reuniões do conselho como observador.
A intenção, no entanto, é que ele seja nomeado oficialmente como membro em 2026. Dessa forma, indicando uma tentativa da fundação de retomar maior influência estratégica sobre os rumos da empresa.
Momento delicado
Embora a Novo Nordisk tenha reforçado que sua estratégia permanece inalterada, analistas do setor afirmam que a mudança no comando ocorre em um momento delicado.
O mercado avalia que, após um ciclo de euforia com os lucros crescentes da linha de medicamentos para obesidade, os investidores agora exigem um plano claro de longo prazo. Assim, diante da entrada de novos concorrentes e do possível aumento de regulação em mercados como Estados Unidos e Europa.
A saída de Jørgensen é vista como o primeiro passo de uma nova fase na farmacêutica. Os próximos movimentos da empresa, principalmente a escolha do próximo CEO, serão decisivos para reconquistar a confiança dos investidores. E, dessa forma, manter o protagonismo global da Novo Nordisk no setor farmacêutico.