Escalada tarifária

Com guerra comercial, produtos chineses inundam o Brasil

Alta temporária nos embarques é ofuscada pela escalada tarifária imposta por Trump e pela deterioração das perspectivas econômicas globais.

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Com guerra comercial, produtos chineses inundam o Brasil
  • As exportações da China cresceram 12,4% em março, impulsionadas pela corrida das indústrias para antecipar embarques antes da nova rodada de tarifas dos EUA
  • Donald Trump elevou tarifas sobre produtos chineses a 145%, e Pequim reagiu com taxas de até 125%, aprofundando o conflito entre as duas maiores economias do mundo
  • Diante das sanções americanas, a China amplia parcerias com países asiáticos e prepara novas medidas fiscais e monetárias para sustentar o crescimento econômico

As exportações da China cresceram de forma surpreendente em março, impulsionadas pela corrida das fábricas para antecipar embarques antes da entrada em vigor de novas tarifas norte-americanas.

No entanto, especialistas alertam que essa alta deve ser temporária, já que a intensificação da guerra comercial entre China e Estados Unidos compromete a sustentabilidade do crescimento e afeta diretamente o cenário econômico global.

Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (14), os embarques chineses ao exterior aumentaram 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, superando amplamente a expectativa de 4,4% prevista por economistas consultados pela Reuters. O desempenho contrasta com os resultados de janeiro e fevereiro, quando as exportações haviam crescido apenas 2,3%.

Contudo, o crescimento expressivo ocorre em meio a um cenário cada vez mais adverso: o presidente norte-americano Donald Trump impôs sucessivas rodadas de tarifas sobre produtos chineses, elevando as taxas a impressionantes 145%, enquanto Pequim respondeu com tarifas de até 125% sobre importações dos Estados Unidos.

Corrida pré-tarifária impulsiona embarques

O forte desempenho das exportações em março reflete uma reação direta das indústrias chinesas ao anúncio das novas tarifas por parte dos EUA. Analistas indicam que muitas empresas adiantaram embarques para evitar as novas taxações, o que inflou os números do mês.

“O crescimento das exportações acelerou em março porque os fabricantes correram para enviar mercadorias aos EUA antes do ‘Dia da Libertação’”, observou Julian Evans-Pritchard, economista-chefe para China da Capital Economics.

Ele alertou que essa alta pontual não representa uma tendência sustentável e prevê queda nos embarques nos próximos meses e trimestres.

“Acreditamos que pode levar anos até que as exportações chinesas voltem aos níveis atuais.”

Apesar do fôlego momentâneo nas exportações, os dados de importação revelam fragilidade. Em março, as importações chinesas recuaram 4,3%, superando a expectativa de queda de 2%.

O declínio reforça as preocupações sobre a demanda interna enfraquecida e aumenta o desafio das autoridades para manter a estabilidade econômica.

Guerra comercial se intensifica

A ofensiva tarifária de Trump contra a China, oficialmente justificada pelo combate ao fentanil e ao desequilíbrio comercial, ampliou o conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo. Pequim classificou as medidas como “uma piada” e prometeu lutar até o fim para proteger sua economia contra “choques externos”.

A disputa já começa a refletir em previsões pessimistas para o crescimento econômico. O Goldman Sachs revisou para baixo sua projeção do PIB chinês para 2025, de 4,5% para 4%, enquanto o Citi reduziu a estimativa de 4,7% para 4,2%. Ambas as previsões estão bem abaixo da meta oficial do governo, que gira em torno de 5%.

A Organização Mundial do Comércio (OMC) também emitiu alerta grave: o confronto pode cortar até 80% do fluxo de bens entre China e EUA e prejudicar severamente o crescimento global.

China busca diversificação

Diante das sanções americanas, a China intensificou sua busca por alternativas. O presidente Xi Jinping aproveitou uma reunião com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez para defender o multilateralismo e condenar os “atos unilaterais de intimidação”.

Ele também iniciou uma viagem diplomática por três países do Sudeste Asiático para estreitar relações com vizinhos estratégicos.

O superávit comercial da China em março atingiu US$ 102,64 bilhões, uma leve queda frente aos US$ 104,8 bilhões registrados em dezembro. Ainda assim, o saldo comercial com os Estados Unidos cresceu para US$ 76,6 bilhões no primeiro trimestre, frente aos US$ 70,2 bilhões de 2024. Assim, um dado que mantém a China no radar de Trump, cuja prioridade declarada é reduzir esse déficit.

Enquanto isso, as importações de produtos agrícolas dos EUA, como soja, caíram drasticamente 36,8% em março em relação ao ano anterior. Economistas acreditam que a China já interrompeu quase completamente as compras agrícolas americanas, em resposta às tarifas, privilegiando mercados alternativos.

Com o ambiente externo cada vez mais volátil e a demanda doméstica fragilizada, a indústria exportadora chinesa enfrenta um cenário desafiador. As próximas medidas de estímulo fiscal e monetário, portanto, serão cruciais para mitigar os efeitos da guerra comercial. E, assim, sustentar o crescimento da economia chinesa nos próximos trimestres.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.