Mercado agitado

Corrida dos IPOs: Miniso aposta em brinquedos e Novo Banco mira maior estreia de Portugal desde 2008

Empresas em setores distintos aceleram planos de abertura de capital em busca de valorização e expansão global.

Miniso - China e Novo Banco - Portugal
Crédito: Depositphotos
  • Miniso quer transformar Top Toy em estrela global; Inspirada no sucesso da Pop Mart, empresa prepara IPO para expandir marca de brinquedos colecionáveis.
  • Novo Banco mira maior IPO de Portugal em 17 anos; Reestruturado e lucrativo, banco português pretende captar até € 1 bilhão ainda este ano.
  • Empresas apostam em abertura para crescer; Miniso e Novo Banco aceleram planos para destravar valor e atrair investidores em um mercado mais otimista.

Miniso e Novo Banco, cada uma em seu segmento, apostam em IPOs bilionários para impulsionar crescimento, atrair investidores e conquistar mercados estratégicos. O movimento ocorre em meio ao aquecimento do mercado financeiro.

Miniso aposta em expansão com brinquedos colecionáveis

A varejista chinesa Miniso iniciou os preparativos para listar sua subsidiária Top Toy na bolsa de Hong Kong. Para isso, contratou os bancos JPMorgan Chase e UBS, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg News. Assim, a operação pode posicionar a marca entre as líderes do mercado de brinquedos de nicho.

Criada no fim de 2020, a Top Toy começou com nove lojas em cinco cidades. No entanto, a empresa cresceu rapidamente. Em março deste ano, já contava com 280 unidades e começava a se expandir para outros países. Seu foco está nos brinquedos colecionáveis vendidos em embalagens surpresa, tendência que conquista fãs em diversos públicos.

O IPO deve seguir os passos da Pop Mart, líder do setor, cuja ação disparou 340% em 2024 e mais 171% em 2025. A empresa, avaliada hoje em US$ 42 bilhões, ganhou notoriedade com bonecas endossadas por celebridades do K-pop. Já a Miniso, desde que estreou em Hong Kong em 2022, viu suas ações subirem 150%.

A empresa estuda incluir outros bancos na operação e negocia com fundos soberanos interessados em ancorar a oferta. Portanto, o objetivo é claro: financiar uma expansão global mais agressiva e aumentar o valor de mercado da Top Toy.

Novo Banco quer fazer história com IPO bilionário

Enquanto isso, o Novo Banco se prepara para o maior IPO de Portugal em 17 anos. Os acionistas aprovaram medidas fundamentais para viabilizar a operação, incluindo a revisão dos estatutos e a listagem das ações, conforme informou o porta-voz da instituição. A expectativa é atrair investidores e consolidar a imagem do banco no cenário europeu.

Atualmente, o Novo Banco pertence majoritariamente à americana Lone Star, que detém 75% da companhia. O restante pertence a entidades públicas portuguesas, como o Fundo de Resolução. O plano da Lone Star é vender entre 25% e 30% do capital. Segundo o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, o IPO pode levantar até € 1 bilhão.

O banco emergiu do colapso do antigo Banco Espírito Santo, há dez anos. Desde então, passou por forte reestruturação. Vendeu ativos problemáticos, reduziu a inadimplência e voltou ao lucro em 2021. Além disso, se beneficiou do aumento dos juros, que impulsionou sua receita líquida.

Para coordenar a oferta, foram escolhidos o Bank of America, o Deutsche Bank e o JPMorgan. A Lone Star também avalia a possibilidade de uma venda total da instituição. Segundo dados recentes, o banco tem 1,7 milhão de clientes e carteira de crédito diversificada, que inclui € 17 bilhões em empréstimos corporativos.

Diferentes setores, mesmos objetivos estratégicos

Apesar de atuarem em mercados distintos, Miniso e Novo Banco compartilham o mesmo foco: transformar capital de investidores em expansão e valorização. No caso da Miniso, a estratégia é aproveitar o sucesso da cultura pop e conquistar um público fiel que movimenta bilhões por ano.

Já o Novo Banco quer consolidar sua recuperação após anos de instabilidade. A abertura de capital seria um marco de virada para a instituição, que tenta ganhar a confiança do mercado após uma década difícil. Com resultados positivos, o banco acredita estar pronto para competir de igual para igual no setor bancário europeu.

Esses IPOs mostram como empresas de perfis diversos estão reagindo ao novo ciclo econômico. O acesso ao mercado de capitais é, mais do que nunca, uma ferramenta essencial para crescer em escala global. Resta saber se os investidores vão abraçar essa visão.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.