
- 10 mil unidades não vendidas acumulam US$ 800 milhões em prejuízo
- Queda de até 75% em mercados europeus e retração na China
- BYD, VW e Kia ganham espaço com modelos mais baratos e eficientes
A Tesla atravessa uma das fases mais delicadas desde que entrou no mercado de veículos elétricos. O tão aguardado Cybertruck, picape futurista que Elon Musk apresentou como uma revolução sobre rodas, se tornou um problema bilionário. A empresa acumula 10 mil unidades do modelo encalhadas nos Estados Unidos, o que representa um estoque parado avaliado em cerca de US$ 800 milhões.
A promessa de um novo ícone da mobilidade elétrica deu lugar a uma crise de imagem, vendas decepcionantes e dúvidas crescentes sobre o futuro da montadora.
Surpreendeu o mercado
A baixa procura pelo Cybertruck surpreendeu o mercado. Esperava-se que o design arrojado e a performance robusta fossem suficientes para conquistar os consumidores, mas os números mostram o contrário.
Em vez de filas de espera, os pátios da Tesla se encheram de picapes paradas, pressionando a empresa e revelando falhas na estratégia de precificação, marketing e timing de lançamento.
A situação se agrava com os dados globais de vendas. Na Holanda, a Tesla registrou queda de 75% nas vendas, enquanto no Reino Unido o tombo foi de 62%. Na China — um dos mercados mais estratégicos para a empresa — a retração anual foi de 6%, sinalizando que a companhia já não tem a mesma força nem mesmo nos países onde era líder isolada em inovação e demanda.
Mesmo com o lançamento do Model Y, que deveria representar uma virada, a Tesla não conseguiu frear a maré negativa. A recepção morna ao novo SUV elétrico evidenciou que os problemas não se limitam a um único modelo.
A concorrência cresceu, e nomes como BYD, Volkswagen e Kia vêm conquistando espaço rapidamente com veículos mais acessíveis, eficientes e com melhor custo-benefício.
Além disso, a figura de Elon Musk também se tornou um fator de desgaste para a marca. A postura polêmica do bilionário em temas sociais e políticos tem gerado desconforto entre consumidores, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Há registros de clientes cancelando pedidos e desistindo de comprar modelos da Tesla por rejeição ao comportamento de seu CEO.
Resultados e expectativas
Analistas apontam que a Tesla precisa rever urgentemente sua abordagem. A empresa criou um império com base na inovação, mas agora parece desconectada do que os consumidores realmente desejam em 2025: eficiência, preço competitivo e confiança institucional. O apelo futurista já não basta para sustentar a liderança em um mercado cada vez mais disputado.
A pressão por resultados imediatos se intensifica. Investidores cobram respostas, enquanto os concorrentes ganham tração em mercados-chave. A montadora que um dia transformou a indústria automotiva agora precisa se reinventar novamente — mas, desta vez, sob risco de ficar para trás.