
O sinal de alerta está ligado na Tesla. O bilionário e CEO da empresa, Elon Musk, veio a público na terça-feira (22 de abril de 2025) para tentar acalmar os ânimos após a divulgação de resultados trimestrais desastrosos. A fabricante de carros elétricos viu seu lucro despencar impressionantes 71% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, um número que chocou investidores e analistas.
Diante desse cenário preocupante, Musk afirmou que pretende dedicar mais tempo ao comando da Tesla daqui para frente. Ele reconheceu a necessidade de focar na montadora, mas fez uma ressalva importante sobre seu controverso trabalho no governo de Donald Trump. Musk disse que deixará de lado parte do trabalho no Doge (Departamento de Eficiência Governamental), um órgão criado por Trump com o objetivo de cortar gastos e burocracia. No entanto, ele garantiu que não tem planos de abandonar completamente suas funções no programa governamental.
Em uma teleconferência com investidores e analistas, Musk defendeu sua participação no governo, usando uma metáfora dramática: “Se o navio da América afundar, todos nós afundaremos com ele”. Com essa frase, ele justificou o tempo dedicado a tentar reduzir o tamanho do governo federal, sugerindo que o sucesso do país é vital para todos, incluindo a Tesla. As informações foram reportadas pelo jornal Washington Post.
A insistência de Musk em manter um pé no governo, mesmo que com dedicação reduzida, não agradou a todos. Dan Ives, um conhecido analista de mercado que costumava ser um grande entusiasta da Tesla e de Musk, chegou a dizer antes da conferência que seria uma “situação de código vermelho” caso o empresário não sinalizasse uma possível saída completa do Doge. Apesar da preocupação, Ives ainda expressou confiança no futuro da Tesla, desde que Musk volte a concentrar sua atenção total na empresa.
Os números divulgados pela Tesla pintam um quadro difícil. O relatório de resultados, liberado pouco antes da fala de Musk, não mostrou apenas a queda brutal de 71% no lucro líquido. A receita vinda da venda de veículos também caiu drasticamente, 20%. Esse tombo representa a maior retração trimestral nas vendas da história da Tesla, um dado ainda mais alarmante quando se considera que o mercado geral de carros elétricos cresceu 7% no mesmo período. Ou seja, enquanto o setor avançava, a gigante de Musk andava para trás.
Durante a conversa com investidores, Musk tentou minimizar outros problemas, como os protestos que têm ocorrido em frente aos showrooms da Tesla. Ele classificou as manifestações como “protestos pagos”, sugerindo que não são espontâneos. Além disso, alegou que a demanda pelos carros da marca continua forte, apesar da evidente queda nas vendas registrada no balanço.
Os protestos contra a Tesla se intensificaram desde que Musk assumiu sua posição no governo Trump. Em alguns locais, veículos da marca chegaram a ser vandalizados. O empresário atribui as críticas à sua atuação no Doge àqueles que estariam perdendo privilégios ou dinheiro indevido. “Vêm daqueles que estavam recebendo dinheiro fraudulento e dispendioso”, afirmou Musk, reiterando sua crença de que os protestos contra sua empresa seriam financiados por esses grupos.
A acusação não ficou sem resposta. O grupo Tesla Takedown, que tem organizado parte das manifestações, rebateu duramente a fala de Musk. “Anfitriões e participantes voluntários estão se manifestando porque acreditam na democracia e no Estado de Direito, não porque um bilionário os esteja pagando”, declarou o grupo em comunicado. Eles ainda adicionaram uma crítica direta a Musk: “A ironia é grande, vindo de um homem que gastou US$ 277 milhões para eleger Donald Trump.”