
- Washington intensifica a guerra comercial e usa tarifas como instrumento de pressão por novos acordos
- O governo chinês responde com tarifas equivalentes e evita ceder às exigências americanas
- Casa Branca afirma que tarifas incentivaram países a reavaliar seus acordos comerciais com os americanos
Os Estados Unidos ampliaram drasticamente sua ofensiva econômica contra a China ao impor tarifas de até 245% sobre produtos chineses, conforme anunciou a Casa Branca nesta terça-feira (15).
A medida, descrita como uma resposta à ausência de diálogo por parte de Pequim, aprofunda a já prolongada guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e eleva as incertezas nos mercados globais.
Embora o governo americano não tenha explicado como chegou a esse número, o site oficial da Casa Branca classificou as medidas como ações necessárias para “nivelar o campo de atuação” e “proteger a segurança nacional”.
A decisão intensifica o pacote tarifário iniciado no que o ex-presidente Donald Trump chamou de “Dia da Libertação”, quando os EUA aplicaram tarifas entre 10% e 50% sobre produtos de mais de 180 países.
Tarifa histórica aumenta tensão entre Washington e Pequim
Com a nova elevação das tarifas para 245%, os Estados Unidos sinalizam que não pretendem recuar na disputa comercial. Especialmente, enquanto a China não demonstrar disposição para negociar.
A escalada aconteceu após semanas de trocas de retaliações. Os EUA aumentaram as tarifas sobre os produtos chineses de forma progressiva, e a China, no entanto, respondeu com elevações equivalentes sobre as importações americanas.
Desde o início de abril, a administração Trump aplicou um conjunto de medidas unilaterais com o objetivo de reduzir os déficits comerciais.
Em 2 de abril, o governo impôs uma tarifa de 10% sobre produtos de mais de 180 países. No dia 9, os EUA decidiram conceder uma pausa de 90 dias, reduzindo todas as tarifas para 10%, com exceção da China, que se manteve como principal alvo.
Pequim, portanto, não recuou e respondeu com novas tarifas sobre os produtos dos EUA, chegando a taxas de até 125%. Em retaliação, Trump elevou novamente os encargos comerciais, culminando nas tarifas totais de 245%, anunciadas nesta terça-feira.
China mantém posição e desafia sanções dos EUA
O porta-voz chinês Lin Jian rejeitou comentar os números dos EUA e afirmou que a China manterá sua posição. O jornal estatal Global Times também repercutiu a fala e reiterou o compromisso chinês de defender seus interesses comerciais.
A resposta chinesa tem sido firme. Após a série de aumentos tarifários dos EUA, a China elevou suas tarifas sobre os produtos americanos para 125%. A postura de resistência de Pequim indica que o impasse poderá se prolongar, com efeitos relevantes sobre cadeias produtivas, inflação e comércio global.
Apesar disso, Washington ainda sinaliza espaço para negociação.
“O presidente deixou bem claro que está disposto a fazer um acordo com a China, mas a China também precisa querer fazer um acordo com os EUA”, declarou Katherine Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca.
EUA usam tarifas como ferramenta de pressão
Segundo a Casa Branca, desde o início das medidas tarifárias, mais de 75 países procuraram os EUA para renegociar acordos comerciais e buscar reduções nos encargos. Para a gestão Trump, as tarifas são uma forma de restaurar o equilíbrio comercial e fortalecer a indústria nacional.
Ao manter a China fora da pausa tarifária anunciada em abril, o governo americano reforça sua estratégia de usar tarifas como ferramenta geopolítica. A intenção é forçar Pequim a ceder nas negociações comerciais, algo que ainda não ocorreu.
As novas tarifas de até 245% ampliam a pressão sobre o governo chinês, ao mesmo tempo em que elevam a tensão nos mercados globais e desafiam empresas de ambos os lados a lidar com custos mais altos. Com os dois países mantendo posições firmes, o desfecho da guerra comercial segue imprevisível.