
- FMI elevou a projeção de crescimento do Brasil em 2025 para 2,3%, influenciado pelo bom desempenho no início do ano.
- Expectativa é que o IPCA alcance 5,2% em 2025 e converja para a meta de 3% até 2027.
- Fundo recomendou reformas e responsabilidade fiscal para garantir crescimento sustentável e queda da dívida pública.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou a estimativa de crescimento do PIB brasileiro para 2025, passando de 2,0% para 2,3%. A atualização veio após missão técnica da instituição ao país, realizada entre 20 de maio e 2 de junho.
Desse modo, a nova previsão reflete o desempenho expressivo da economia no início de 2024, puxado principalmente pelo setor agropecuário. Além disso, o FMI destacou que o Brasil deve alcançar a meta de inflação até o fim de 2027, mantendo resiliência mesmo diante de um cenário internacional incerto.
Visita técnica influenciou a revisão
A equipe do FMI revisou os dados após encontros com autoridades brasileiras, empresários e instituições financeiras. O grupo veio ao Brasil para a chamada “Consulta do Artigo IV”, uma avaliação regular sobre a saúde econômica dos países membros.
Ademais, durante a visita, os técnicos levaram em conta o crescimento de 1,4% no PIB do primeiro trimestre de 2024, conforme divulgado pelo IBGE. Esse resultado, acima das expectativas, motivou a elevação da projeção para 2025. Assim, o FMI espera que o crescimento de 3,4% estimado para 2024 desacelere no próximo ano, mas ainda assim mantenha ritmo sólido.
Portanto, segundo o Fundo, o arrefecimento da atividade deve ocorrer por causa de condições monetárias mais rígidas, corte de estímulos fiscais e cenário externo instável. Ainda assim, o relatório aponta que o Brasil possui instrumentos que sustentam sua estabilidade.
Inflação sob controle e juros elevados
No campo inflacionário, o FMI calcula que os preços subirão 5,2% até o fim de 2025. Depois disso, a tendência será de queda gradual até atingir a meta de 3% definida pelo governo, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. O principal índice usado é o IPCA.
Nesse cenário, a política monetária segue como pilar no combate à inflação. Haja vista que, desde setembro de 2024, o Banco Central tem elevado a taxa básica de juros, a Selic, que agora está em 14,75% — o maior patamar em quase duas décadas. Então, para o FMI, essa resposta foi adequada diante das pressões inflacionárias.
Desse modo, o Fundo sugeriu que o BC mantenha flexibilidade para decidir os próximos passos. Dado o cenário global instável e as expectativas ainda distantes da meta, uma postura cautelosa será essencial para conter riscos e garantir previsibilidade.
Foco estrutural e responsabilidade fiscal
A médio prazo, o FMI projeta que o crescimento do Brasil alcançará 2,5%. Essa projeção considera o avanço de reformas estruturais, como a implementação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), e a expansão da produção de petróleo e gás natural.
O Plano de Transformação Ecológica, proposto pelo governo federal, também poderá impulsionar o crescimento sustentável se for efetivamente colocado em prática. Para isso, será necessário compromisso político e capacidade de execução técnica.
Na política fiscal, o FMI recomendou medidas mais ambiciosas. O país precisa cortar gastos ineficientes, aumentar a arrecadação e reforçar o novo arcabouço fiscal. O objetivo é claro: reduzir o endividamento público, abrir espaço para investimentos e facilitar a queda dos juros no futuro.
O relatório enfatizou que, mesmo com os riscos globais, o Brasil está em posição vantajosa. Portanto, reservas internacionais robustas, um sistema bancário sólido e o câmbio flutuante garantem maior resiliência diante de choques externos.