Esquema direcionado

Fraude no INSS: CGU revela que associação cadastrava 1.500 aposentados por hora

Relatório inédito aponta esquema em massa que mirava idosos e pessoas com deficiência; investigações confirmam conivência de servidores e prejuízo bilionário.

CPI do INSS
Crédito: Depositphotos
  • A associação chegou a registrar até 1,5 mil aposentados por hora, demonstrando a escala industrial da fraude.
  • O esquema mirava idosos e pessoas com deficiência, aproveitando-se da vulnerabilidade dessas vítimas.
  • A operação causou prejuízos bilionários e envolveu a conivência de servidores públicos, o que amplia a gravidade do caso.

Um relatório inédito da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que a Associação dos Servidores da Previdência Social (AsPrev) chegou a filiar até 1,5 mil aposentados por hora em um esquema fraudulento contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A operação mirava principalmente idosos e pessoas com deficiência, manipulando dados e induzindo filiações indevidas para desviar recursos públicos. O relatório indica que servidores públicos facilitaram a ação, o que gerou perdas que podem ultrapassar R$ 1 bilhão. A apuração da CGU embasa novas investigações e poderá agravar o caso judicialmente.

Relatório da CGU detalha ação em massa

A Controladoria-Geral da União divulgou um relatório que revela o alcance do esquema de fraudes cometido pela AsPrev contra o INSS. O documento mostra que, em determinado momento da operação, a entidade filiou até 1,5 mil aposentados por hora. Essa velocidade absurda expõe a escala industrial da fraude e levanta suspeitas sobre a atuação permissiva de servidores públicos.

Embora o INSS tenha inicialmente alegado desconhecimento sobre a dimensão das irregularidades, o relatório indica que diversas unidades regionais facilitaram as filiações. Em muitos casos, servidores processaram os dados sem a devida verificação. Além disso, os beneficiários sequer tinham conhecimento de que haviam sido registrados como membros da associação.

Ao mesmo tempo, a CGU identificou que os descontos aplicados nos contracheques dos aposentados ocorriam sem autorização formal. Essa prática, segundo o relatório, caracterizou-se como abuso sistemático e pode configurar crime de estelionato. Com base nessas evidências, o Ministério da Previdência já prepara medidas administrativas e judiciais para responsabilizar os envolvidos.

Vítimas eram idosos e pessoas com deficiência

Os principais alvos do esquema eram justamente os grupos mais vulneráveis: idosos e pessoas com deficiência. Essas vítimas, em muitos casos, não tinham meios de identificar os descontos indevidos. Ainda assim, a associação continuava a cobrar mensalidades por serviços que nunca foram contratados.

O esquema aproveitava a fragilidade dessas pessoas para aplicar os golpes sem resistência. Segundo especialistas, o grau de vulnerabilidade social e digital dos atingidos contribuiu diretamente para o sucesso da fraude. A prática ilegal se espalhou por diversas regiões do país, especialmente no Norte e Nordeste.

Além disso, o esquema enganava os beneficiários por meio de mensagens falsas e contatos telefônicos fraudulentos. Em muitos casos, os golpistas simulavam parcerias com o próprio INSS para dar aparência de legalidade às filiações. Assim, a associação aumentava sua base de contribuintes de forma acelerada e lucrativa.

Por isso, especialistas defendem mudanças urgentes nos controles internos do INSS para impedir novos golpes contra os mais vulneráveis.

Investigação aponta prejuízo bilionário

O relatório da CGU, também projeta que as perdas ao erário podem superar R$ 1 bilhão. Esse montante ainda está em apuração, mas os dados já levantados apontam para uma das maiores fraudes institucionais da história recente da Previdência Social brasileira. Os recursos desviados comprometem a sustentabilidade de benefícios essenciais.

Diante disso, o Ministério da Previdência solicitou o reforço das auditorias internas e o apoio da Polícia Federal para aprofundar as investigações. Paralelamente, o governo trabalha para reverter os descontos indevidos e garantir o reembolso aos beneficiários prejudicados.

Desse modo, a investigação é uma das prioridades da gestão atual, que tenta demonstrar rigor no combate à corrupção institucionalizada. A CGU continuará a monitorar novas filiações suspeitas e poderá recomendar a intervenção direta em entidades com atuação similar à da AsPrev.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.