A BlueLine Asset Management, gestora de investimentos fundada por ex-executivos do JP Morgan, anunciou o encerramento de suas atividades após cinco anos no mercado. Em comunicado oficial, a empresa justificou a decisão com base no “cenário econômico e das condições de mercado”, em um contexto desafiador para a indústria de fundos de investimento.
A decisão ocorre em um momento delicado para as gestoras de recursos no Brasil, que enfrentam uma crise na indústria. De acordo com dados da Anbima, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, em 2023 foram registrados resgates de R$ 127,9 bilhões, marcando o segundo ano consecutivo de perdas. Em novembro de 2024, o valor de resgates foi de R$ 26,6 bilhões. No entanto, apesar dos desafios, o saldo líquido positivo no acumulado do ano foi de R$ 186,2 bilhões.
Resgates e desafios no mercado
O fechamento da BlueLine vem em meio a uma onda de dificuldades enfrentadas pelas gestoras de fundos no Brasil. Além da queda no número de captações, o setor também sofre com a dificuldade em entregar retornos positivos aos investidores. Em 2023, a gestora enfrentou o impacto dessa realidade, mas continuou a investir na excelência da gestão e na transparência com seus investidores.
Em relação aos resultados, a BlueLine informou ter alcançado um retorno de 66,5% desde o seu lançamento, em junho de 2019, até novembro de 2024. Esse desempenho, segundo a gestora, representa uma rentabilidade acumulada de 120% do CDI, destacando sua busca constante pela excelência na gestão de ativos.
Passado de sucesso e investimentos estratégicos
Fundada por Giovani Silva, ex-head de traders do JP Morgan na América Latina, e Fábio Akira, ex-economista-chefe para o Brasil do banco, a BlueLine foi construída sobre um alicerce de experiência e expertise no mercado financeiro. Os dois nomes se destacaram pela habilidade em administrar recursos em diferentes cenários de mercado. Em 2021, a gestora atraiu o interesse do Itaú, que investiu R$ 200 milhões no fundo Rising Stars, o que foi visto como um endosse de sua qualidade e potencial no mercado.
Carlos Augusto Salamonde, do Itaú, na época, destacou a união de talentos, afirmando que a gestora combinava a capacidade de “ganhar dinheiro em diversas situações de mercado” de Giovani com a visão macroeconômica e habilidade comercial de Akira.
O futuro para os cotistas
O encerramento das operações terá impacto direto sobre os cotistas dos fundos geridos pela BlueLine. A partir de agora, será convocada uma assembleia de cotistas para promover a liquidação e resgates das cotas. A gestora garantiu que, para aqueles que não solicitarem o resgate voluntariamente, as obrigações legais e regulatórias serão cumpridas integralmente.
A empresa afirmou que o processo de encerramento será gradual e a previsão é que as atividades sejam totalmente concluídas no início de 2025. O comunicado também destacou que a estrutura operacional será mantida para garantir o adequado encerramento dos fundos sob gestão, incluindo sistemas e pessoas para dar suporte durante a transição.