Censura no Brasil

Google censurado pelo STF? Entenda o caso

Nesta quinta-feira (18/6/2025), o Google Brasil informou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que não pode cumprir a ordem de fornecer dados sobre quem divulgou a chamada “minuta do golpe” na internet

Alexandre de Moraes
Crédito: Depositphotos

Em resposta ao Supremo Tribunal Federal, gigante da tecnologia questiona ordem por falta de clareza e levanta preocupações sobre liberdade de expressão.

O que está acontecendo entre Google e STF?

O Google Brasil informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (18), que não tem como fornecer os dados solicitados sobre a divulgação da chamada “minuta do golpe” na internet. A resposta foi endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pela condução do inquérito.

A empresa afirmou que a decisão judicial não apresenta nenhuma URL específica, dificultando a identificação do conteúdo exigido. Além disso, o Google ressaltou que não é o responsável por hospedar esses conteúdos, apenas os indexa por meio de seu buscador.

O que é a “minuta do golpe”?

A minuta em questão refere-se a um documento supostamente encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, investigado por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A defesa de Torres quer provar que o texto já circulava publicamente antes da apreensão.

Com base nisso, Alexandre de Moraes determinou que o Google e outras empresas digitais fornecessem dados sobre a possível circulação da minuta em seus serviços.

Google responde e aponta risco de censura

O Google alegou que, sem informações mínimas como o endereço eletrônico das páginas solicitadas, é impossível identificar com precisão quais conteúdos estão sob investigação. A empresa ainda alertou que ordens genéricas, como a recebida, podem ser interpretadas como censura.

“A ordem, tal como redigida, pode ter um efeito desproporcional sobre a liberdade de expressão e o acesso à informação”, diz o comunicado enviado ao STF.

Para reforçar sua posição, o Google destacou que conteúdos potencialmente relacionados à minuta do golpe podem estar hospedados em domínios de terceiros, fora do seu controle. Dessa forma, somente os responsáveis pelos sites poderiam fornecer os dados requisitados.

Liberdade de expressão em jogo

O episódio reacende um debate importante no Brasil: até onde vai o poder do Judiciário nas investigações digitais? E qual é o limite entre cumprimento judicial e censura?

O Google sustenta que empresas de tecnologia devem colaborar com investigações, mas dentro de parâmetros técnicos possíveis e juridicamente claros. Pedidos vagos, segundo a empresa, colocam em risco o funcionamento livre da internet e abrem precedentes perigosos.

Entenda os impactos

A discussão pode ter reflexos diretos em:

  • Investigações criminais envolvendo conteúdo digital.
  • Regulação das plataformas, tema já debatido no PL das Fake News.
  • Direitos fundamentais, como liberdade de expressão e acesso à informação.

Ao não cumprir a decisão de forma ampla, o Google não se nega a colaborar, mas exige que haja clareza nos pedidos e limites técnicos respeitados.

Conclusão: embate vai além da minuta

O impasse entre o Google e o STF não é apenas sobre um documento. Ele escancara uma disputa maior entre controle estatal, responsabilidade das plataformas e garantias constitucionais. Com a internet cada vez mais no centro das decisões políticas e judiciais, a forma como esse caso será conduzido pode criar precedentes decisivos para o futuro digital do país.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.