
- Nova regra permite até 9 empréstimos consignados para quem tem carteira assinada.
- Governo alega que medida vai “facilitar reestruturação de dívidas”.
- Especialistas alertam para risco de explosão do endividamento no país.
O governo federal, sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, acaba de autorizar uma mudança que promete agitar — e possivelmente desestabilizar — a vida financeira de milhões de trabalhadores brasileiros. A nova regra permite que empregados com carteira assinada (CLT) possam contratar até nove empréstimos consignados simultaneamente, unificando dívidas ou contraindo novas.
A decisão, que foi publicada nesta segunda-feira (17), modifica uma norma anterior do Conselho Curador do FGTS e tem potencial para ampliar o endividamento da população trabalhadora, justamente em um momento em que o país já enfrenta recordes de inadimplência.
Governo amplia limite de empréstimos: mais “fôlego” ou mais dívidas?
Antes da mudança, o trabalhador CLT só podia manter dois contratos ativos de crédito consignado. Agora, com a permissão para contratar até nove, o governo promete facilitar a “gestão das finanças” pessoais. No entanto, especialistas em finanças alertam: essa flexibilização pode gerar uma falsa sensação de alívio, mas, na prática, pode agravar o superendividamento.
O crédito consignado tem uma lógica simples: as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento. Isso garante taxas de juros mais baixas, mas também compromete parte do salário antes mesmo do trabalhador recebê-lo.
Reestruturação de dívidas ou incentivo ao consumo irresponsável?
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, o objetivo da medida é permitir que os trabalhadores possam unificar várias dívidas em uma só, com melhores condições de pagamento. Porém, a ausência de um limite rigoroso ou de critérios mais claros pode abrir espaço para abusos — tanto por parte de bancos quanto de empresas.
É importante lembrar que o desconto em folha tem um teto: 35% do salário, sendo 30% para empréstimos e 5% para cartão consignado. Ou seja, mesmo que o número de contratos aumente, o percentual máximo de comprometimento não muda. Ainda assim, o risco mora justamente na ilusão de que há mais margem para gastar.
Lula repete lógica de consumo para impulsionar economia
A mudança é mais um movimento do governo Lula na direção de incentivar o consumo das famílias como forma de ativar a economia. Estratégia já conhecida dos mandatos anteriores, mas que vem sendo duramente criticada por economistas independentes, por depender de endividamento pessoal e não de ganho real de renda.
Para críticos da medida, trata-se de um caminho perigoso. Ao ampliar o acesso a crédito para trabalhadores que muitas vezes já estão no limite de sua capacidade de pagamento, o governo pode estar empurrando uma bomba-relógio financeira para os próximos anos.