Em 10 de dezembro de 2023, o presidente argentino Javier Milei assumiu o poder com uma promessa ousada de implementar um “ajuste fiscal brutal“, e um ano depois, os efeitos dessa política estão começando a ser sentidos pela população. Embora a inflação tenha diminuído de 25% para 2,7% entre janeiro e outubro, a pobreza alcançou níveis alarmantes, superando 50% da população.
Milei, que assumiu com o compromisso de “acabar com o déficit fiscal“, obteve uma queda histórica na inflação, surpreendendo até os analistas mais otimistas. “Nos supermercados, os preços estão mais estabilizados e vemos poucos aumentos”, afirmou o economista Juan Manuel Telechea. Embora os preços não tenham diminuído, a estabilização trouxe um alívio para as famílias, que viviam com uma inflação galopante no início do ano.
A boa notícia, no entanto, vem acompanhada de números preocupantes. Segundo dados do Indec, 52,9% da população argentina está abaixo da linha da pobreza, com 18,1% enfrentando a indigência. As crianças são as mais afetadas, com uma taxa de pobreza de 66% entre os jovens de 0 a 14 anos. “Esse modelo não gerou uma distribuição mais equitativa, mas sim maior desigualdade”, comentou Facundo Cruz, analista político da UBA.
A diminuição do consumo foi uma medida necessária para conter a inflação, mas a perda de poder aquisitivo dos salários tem sido um dos maiores desafios para o governo de Milei. “Embora a inflação tenha caído e as rendas tenham se recuperado, os salários ainda estão abaixo dos níveis de 2023”, explicou Telechea.
Com um superávit fiscal após mais de uma década, a Argentina conseguiu estabilizar suas finanças, mas ainda enfrenta grandes desafios. “O governo conseguiu instalar a ideia de que as dificuldades são consequência dos desequilíbrios herdados”, comentou o cientista político Fabián Calle. A gestão de Milei, marcada por um ajuste fiscal severo, gerou um nível de aprovação acima de 50%, um resultado impressionante dado o cenário de austeridade.
Em termos de política externa, a relação com Donald Trump tem ganhado destaque, com os dois líderes estabelecendo uma forte amizade. Isso pode trazer uma nova dinâmica nas negociações com o FMI, que enfrentam dificuldades devido à falta de moeda estrangeira. A expectativa é que essa aliança facilite a renegociação da dívida bilionária da Argentina, embora especialistas ainda vejam incertezas quanto ao impacto real dessas relações.
O desafio para 2025 será equilibrar o ajuste fiscal com a necessidade de reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida da população. As reformas fiscais e trabalhistas prometidas por Milei serão fundamentais para o futuro econômico do país. A continuidade de sua política fiscal será crucial para manter a confiança popular e garantir a estabilidade econômica nos próximos anos.
O impacto do ajuste fiscal de Milei: desafios e esperança
Apesar de avanços na inflação e no superávit fiscal, a Argentina segue lutando contra níveis elevados de pobreza e desigualdade. A expectativa é que, com a continuidade das reformas fiscais e a possível influência de Trump, o governo consiga gerar condições para uma recuperação econômica mais equilibrada nos próximos anos.