Brasil em crise

Gringos já retiraram R$ 25,9 bi da B3 em 2024: maior valor em oito anos

Com uma retirada recorde de recursos, o mercado brasileiro enfrenta o maior êxodo de investidores estrangeiros em quase uma década.

carteira do Ibovespa B3
carteira do Ibovespa B3
  • Até novembro de 2024, investidores estrangeiros retiraram R$ 25,9 bilhões da Bolsa brasileira, a maior fuga de recursos em quase uma década
  • No último mês, a fuga de capital foi de R$ 3,05 bilhões, o maior valor desde junho de 2023
  • A falta de confiança no cenário político e econômico do Brasil tem gerado incertezas, resultando na aversão dos investidores internacionais ao país
  • A saída de capital estrangeiro agrava a volatilidade da Bolsa e indica maior percepção de risco, prejudicando a atração de novos investimentos

Até o final de novembro de 2024, a Bolsa brasileira sofreu uma saída de R$ 25,9 bilhões por parte de investidores estrangeiros, segundo dados da B3 compilados pela consultoria Elos Ayta.

O valor é alarmante, pois representa a maior fuga de capital estrangeiro no país desde 2016. Apenas no mês de novembro, a retirada alcançou R$ 3,05 bilhões, a maior desde junho de 2023, quando o montante foi de R$ 4,23 bilhões.

Essa movimentação de recursos reflete um cenário de incertezas que afeta a confiança dos investidores internacionais na economia brasileira.

O estudo da consultoria Elos Ayta revela que, entre janeiro e novembro de 2024, apenas três meses apresentaram entradas líquidas de capital positivo na B3: julho, agosto e outubro.

Aversão ao risco

Isso indica um padrão de aversão ao risco e uma falta de confiança no cenário econômico atual do Brasil. Einar Rivero, fundador da Elos Ayta, destaca que a atual fuga de capital estrangeiro é a maior registrada nos últimos nove anos, comparável apenas à debandada de 2016, um ano marcado por grande instabilidade política e econômica no país.

Investidores estrangeiros têm um papel crucial para a B3, não só por sua capacidade de garantir liquidez ao mercado, mas também como um termômetro da confiança no Brasil.

Quando os investidores internacionais começam a retirar seus recursos, isso serve como um alerta para o mercado. Assim, indicando que a percepção de risco no país está aumentando.

Em um cenário globalizado, onde a percepção de risco é um fator determinante, a saída de capital estrangeiro tende a agravar a volatilidade da Bolsa e pressionar ainda mais a economia.

O fluxo de capital estrangeiro tem sido um dos principais motores da B3. Especialmente desde o processo de recuperação econômica iniciado após o período de recessão.

Cenário político e econômico

No entanto, a falta de confiança no cenário político e econômico do Brasil, associada a um ambiente de instabilidade e incertezas, tem levado a uma reversão nesse fluxo.

Além disso, os investidores internacionais estão cada vez mais cautelosos com a percepção de risco associada ao Brasil. Um dos principais destinos de investimentos emergentes.

Einar Rivero aponta que o grande número de incertezas políticas, fiscais e econômicas está impulsionando a fuga de investidores.

“Quando o dinheiro internacional começa a sair, o sinal é claro: há mais dúvidas do que certezas no horizonte”, afirma.

Fuga de capital

Ele ainda destaca que o cenário de 2024 é particularmente preocupante, pois a fuga de capital até o momento já supera os níveis de outros ano. Ainda, em que a economia brasileira esteve em crise, como em 2016.

A instabilidade fiscal e as discussões políticas em torno de reformas no país também são fatores que contribuem para esse clima de desconfiança.

Para muitos investidores, a ausência de um caminho claro para o crescimento e a estabilidade fiscal resulta em uma postura mais conservadora. Assim, afastando-os do mercado brasileiro.

O que está claro é que a fuga de capital estrangeiro tem um impacto significativo sobre a confiança e o desempenho da Bolsa brasileira.

As saídas de recursos podem não só agravar a volatilidade do mercado, como também aumentar a percepção de risco. Dessa forma, prejudicando o esforço do Brasil em atrair novos investimentos no futuro próximo.