
A situação ficou tensa no cenário econômico americano esta semana. Jerome Powell, o chefão do Federal Reserve (o banco central dos EUA), deu o recado: ele acredita que a estratégia atual de juros do país está bem alinhada, mas fez um alerta importante. Segundo Powell, a guerra de tarifas comerciais promovida por Donald Trump pode atrapalhar os dois grandes objetivos do Fed: manter a inflação na meta e garantir o máximo de empregos possível.
Na prática, Powell acha que as medidas de Trump podem fazer a inflação subir e o nível de emprego cair. Essa fala deixou o mercado financeiro de cabelo em pé, aumentando o medo de que o Fed demore mais para cortar as taxas de juros nos EUA. Quando os juros americanos estão altos (ou demoram a cair), menos dinheiro circula globalmente, o que costuma prejudicar investimentos considerados de maior risco, como ações de tecnologia e, claro, as criptomoedas.
Como era de se esperar, Donald Trump não gostou nada das críticas e partiu para o ataque. Pelas redes sociais, ele chamou Powell de “atrasado e errado” e chegou a pedir publicamente a demissão do presidente do Fed. Essa briga pública entre duas figuras tão poderosas adiciona uma camada extra de incerteza aos mercados.
E as criptomoedas?
Surpreendentemente, elas parecem estar resistindo bem a esse clima pesado. Por volta das 10h27 (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) registrava uma alta de 1,1% nas últimas 24 horas, sendo cotado a US$ 84.581. O Ether (ETH), a moeda da rede Ethereum, também subia 1,3%, valendo US$ 1.595. O valor total de todas as criptomoedas no mundo alcançava a marca de US$ 2,76 trilhões. Em reais, o Bitcoin também tinha uma leve valorização de 0,5%, cotado a R$ 497.541.
Outras criptomoedas importantes, conhecidas como altcoins, também mostraram força: o XRP subiu 1,6%, a Solana (SOL) teve um ganho expressivo de 6,8% e o BNB avançou 1,3%.
Segundo Beto Fernandes, analista da Foxbit, o Bitcoin está mostrando uma notável resiliência, mantendo-se perto da estabilidade mesmo com o pessimismo vindo dos mercados tradicionais americanos. Ele lembra, porém, que a proximidade de feriados (sexta e segunda-feira) pode diminuir o volume de negociações (liquidez) e aumentar a volatilidade (as subidas e descidas bruscas de preço), já que muitos investidores ajustam suas posições antes da pausa.
Olhando para os gráficos, Ana de Mattos, analista técnica da Ripio, aponta que o Bitcoin está negociando “de lado” numa faixa de preço estreita entre US$ 82.900 e US$ 86.430 desde meados de abril. Ela observa que a força compradora ainda parece dominar, sugerindo que o BTC pode tentar buscar níveis de preço mais altos, como US$ 87.530 e US$ 89.500 (resistências). Contudo, se não conseguir romper essas barreiras ou se os vendedores entrarem com força, o preço poderia recuar para buscar suportes em US$ 79.590 ou até US$ 74.800.
Um ponto de atenção vem dos ETFs (fundos negociados em bolsa) de Bitcoin nos EUA, que registraram saídas líquidas de US$ 171,1 milhões recentemente, principalmente dos fundos da Fidelity (FBTC) e da Ark Invest (ARKB). Os ETFs de Ether também tiveram saídas, totalizando US$ 12,1 milhões, marcando o sétimo dia seguido de retiradas.