Para sua passagem oficial por Paris entre os dias 5 e 7 de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu novamente o hotel InterContinental Paris Le Grand como base para suas atividades diplomáticas. Localizado no coração da capital francesa, em frente à icônica Ópera Garnier, o hotel é um dos mais luxuosos e tradicionais da cidade — e também um dos mais caros.
As diárias no local variam entre € 464 (cerca de R$ 2.983) nos quartos mais simples até mais de € 10.000 (cerca de R$ 64.000) na opulenta suíte presidencial. Esse valor máximo por noite custa o valor de um carro semi-novo no Brasil, como o Honda Fit, que gira em torno de R$ 54.244.
A Presidência da República não confirmou em qual acomodação Lula está hospedado, mas em 2023 o presidente e a primeira-dama, Janja da Silva, ficaram justamente na suíte presidencial.
Com 140 m², a suíte é equipada com dois quartos, sala de estar com vista panorâmica para a Ópera, hall de entrada e cozinha privativa.
Quanto custa dormir com vista para a Ópera de Paris?
De acordo com levantamento no site oficial do hotel e apuração do site Poder360, os preços variam conforme o tipo de acomodação:
- Quartos padrão: de € 464 a € 614 (de R$ 2.983 a R$ 3.949)
- Suítes intermediárias: de € 977 a € 2.300 (de R$ 6.282 a R$ 14.789)
- Suíte presidencial: a partir de € 10.000 (mais de R$ 64.000)
Diplomacia com pitadas de charme francês
A escolha do hotel, além do conforto, oferece proximidade estratégica com pontos-chave da agenda política e econômica da viagem, como encontros com líderes europeus e representantes de organismos multilaterais.
Durante sua estada, Lula já se reuniu com o presidente Emmanuel Macron, com quem fez uma declaração conjunta à imprensa nesta quinta-feira (5).
O petista apelou para o “coração” do francês a fim de destravar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, afirmando que deseja concluir as tratativas ainda durante sua presidência do bloco sul-americano.
Comitiva de Lula em peso
A comitiva brasileira que acompanha Lula em Paris inclui 19 autoridades, entre elas a primeira-dama Janja, ministros, parlamentares e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
A viagem segue até segunda-feira (9), com compromissos voltados principalmente à transição energética, clima e atração de investimentos internacionais.
Hotel cinco estrelas além de Lula
Apesar de ser prática comum entre líderes globais se hospedarem em locais de alto padrão durante compromissos diplomáticos, o valor da estadia — especialmente o da suíte presidencial — pode reacender debates internos sobre os custos da política externa brasileira, sobretudo em tempos de contenção orçamentária.
Por exemplo, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), os gastos com o cartão corporativo da Presidência somaram ao menos R$ 27,6 milhões, incluindo despesas com hotéis de luxo, sorvetes e cosméticos.
Os dados foram obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) pela agência Fiquem Sabendo, após mais de dez pedidos negados sob alegação de segurança, com divulgação só após o fim do mandato.
O maior gasto foi com hospedagens, que consumiram cerca de R$ 13,6 milhões, muitas vezes em hotéis de alto padrão, como o Ferraretto Hotel, no Guarujá (SP), que recebeu R$ 1,46 milhão — valor suficiente para quase 3 mil diárias, segundo estimativas.