A equidade no mercado de trabalho é uma luta diária das mulheres. No empreendedorismo, não é diferente.
Somente 15% das startups no Brasil são lideradas por mulheres, segundo a ABStartups. Não bastassem os obstáculos do mercado, a vida em família também compõe essa realidade: de acordo com a Rede Mulher Empreendedora (RME), 53% das empreendedoras brasileiras são mães que buscam horários flexíveis para conciliar as tarefas domésticas e a vida profissional.
Destaque nesse mercado, a empreendedora, investidora e palestrante Camila Farani acredita no estímulo ao empreendedorismo e no aporte de capital como o caminho para transformar a vida das pessoas e dos negócios.
“Investimento-anjo não foi somente a resposta para a minha inquietude. Decidi por esse rumo, porque percebi que faltava um olhar empático para mulheres empreendedoras. Numa ocasião, eu estava assistindo a um pitch de uma mulher para uma bancada masculina e nenhum dos investidores se conectaram com a dor dela. O resultado não poderia ser diferente: ela não foi investida. Ou seja, não basta ter talento. É preciso ter oportunidade”, defende.
Eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina segundo lista da Bloomberg Línea 2021, Camila também é investidora há seis anos do Shark Tank (Canal Sony), o maior reality de empreendedorismo do mundo.
Sua trajetória, acompanhada de uma família com mulheres empreendedoras, começou no Tabaco Caffé. Aos 21 anos, ela aumentou em 28% o faturamento da empresa e conquistou a sociedade da loja da mãe. Hoje, é referência nacional no empreendedorismo e nos negócios.
“Desde então, eu não parei e virei a empreendedora séria que sou hoje. E vejo que as principais dores das mulheres ao empreender estão sobretudo em capacitação, referências femininas, redes de apoio e fortalecimento dos argumentos para negociação. Essa constatação não vem apenas da minha vivência, mas também está em um estudo com quase 3 mil mulheres realizado pela Innovaty, minha empresa de educação e inteligência de negócios”, afirma.
Para ela, um dos grandes desafios é conquistar espaço no mercado, que muitas vezes é um processo doloroso. Por isso, cada empreendedora de sucesso pode servir de referência e até motivação para outra. E esse é mais um papel que Camila assume na sua carreira: inspirar outras mulheres a tomarem a frente nos negócios.
“Nós, mulheres, precisamos provar o tempo todo que nossas ideias e projetos são consistentes. Mas, uma vez que mais mulheres cresçam em suas carreiras e mostrem para as outras que é possível avançar, mais empreendedoras nós teremos”, explica.
Pensando em impulsionar o empreendedorismo feminino, Camila fundou a Ela Vence, plataforma para o desenvolvimento de lideranças que projeta impactar mais de 1,1 milhão de pessoas até o fim deste ano.
“Espero receber cada vez mais mais pitches de empreendedoras. Meu sonho como investigadora é tornar o seu sonho algo viável!”, finaliza.