
- Japão iniciou negociações em Washington para suspender tarifas de 25% sobre aço e alumínio.
- Setores automotivo e siderúrgico do Japão sofrem forte impacto econômico.
- Governo japonês aposta na diplomacia multilateral para alcançar um acordo.
O governo japonês iniciou, nesta quarta-feira (16), em Washington, negociações com autoridades dos Estados Unidos para discutir a possibilidade de isenção das tarifas comerciais impostas pela administração Trump. As conversas, lideradas pelo ministro japonês da Revitalização Econômica, Ryosei Akazawa, visam aliviar as tensões comerciais e evitar prejuízos à economia japonesa, especialmente nos setores automotivo e siderúrgico.
Japão inicia diálogo direto com Washington
As negociações entre Japão e Estados Unidos tiveram início com a chegada do ministro Ryosei Akazawa a Washington nesta quarta-feira. O foco principal do Japão é suspender tarifas de 25% sobre aço e alumínio, além de barreiras adicionais que afetam diretamente as exportações automotivas.
O encontro marca o primeiro passo concreto para retomar a cooperação econômica bilateral e o presidente Donald Trump disse que vai comparecer pessoalmente a reunião de autoridades comerciais japonesas e norte-americanas. Sendo assim, Akazawa também deve se reunir com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. A comitiva japonesa também discute investimentos energéticos conjuntos, como um projeto de gás natural no Alasca.
Ademais, o Japão insiste na necessidade de revisar acordos cambiais, buscando evitar desvalorização artificial do iene, o que poderia prejudicar ainda mais as exportações. Com isso, a delegação japonesa pretende firmar compromissos que tragam previsibilidade e estabilidade às trocas comerciais com os EUA.
Por fim, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba classificou as negociações como um ponto de virada. Ele reforçou que, apesar das tensões, o Japão não pretende retaliar com medidas unilaterais, optando por uma abordagem diplomática e colaborativa, com ênfase na construção de soluções conjuntas.
Consequências das tarifas para a economia japonesa
As tarifas têm causado prejuízos consideráveis à economia japonesa, sobretudo na indústria automobilística, que responde por uma parcela expressiva das exportações para os Estados Unidos. Empresas como Toyota e Nissan enfrentam dificuldades para manter margens de lucro diante do aumento de custos.
Estudos recentes indicam que a manutenção dessas tarifas pode provocar queda de até 14% na produção automotiva, pressionando diretamente o Produto Interno Bruto japonês. Além disso, há impacto significativo sobre empregos e investimentos no setor.
No campo siderúrgico, o cenário também é preocupante. As tarifas sobre aço e alumínio diminuíram a competitividade das empresas japonesas, dificultando a penetração em um dos mercados mais estratégicos do mundo. Isso afeta não apenas exportadores diretos, mas também a cadeia de fornecedores e transportadoras.
Diante desse panorama, o governo japonês vem avaliando alternativas domésticas, como incentivos fiscais e apoio ao setor produtivo. Ainda assim, reconhece-se que o alívio mais efetivo dependerá da reversão das tarifas via negociação bilateral.
Aposta diplomática em cooperação internacional
O Japão acredita que o caminho mais seguro para reverter as tarifas está na diplomacia econômica. A estratégia inclui não apenas o diálogo com os EUA, mas também a articulação com outros países afetados, como Coreia do Sul, Alemanha e França, a fim de criar pressão multilateral por acordos mais justos.
Dentro desse contexto, o país também reforça sua participação em fóruns multilaterais, como o G7 e a OMC, defendendo uma ordem comercial baseada em regras claras e previsíveis. Essa atuação visa preservar o comércio livre e proteger o multilateralismo frente a posturas protecionistas.
Em paralelo, autoridades japonesas sinalizaram disposição para colaborar em áreas de interesse mútuo com os Estados Unidos, como a transição energética e a digitalização da economia. A ideia é mostrar que a parceria pode ser vantajosa para ambos os lados.
Enquanto isso, a posição do Banco do Japão permanece vigilante. O presidente Kazuo Ueda afirmou que o banco pode ajustar a política monetária caso as tarifas resultem em desaceleração econômica, mas confia que a via diplomática trará melhores resultados no curto prazo.