
- Lula exaltou a relação com a China como estratégica e respeitosa, além de vantajosa economicamente.
- O presidente criticou Donald Trump e associou sua postura ao enfraquecimento democrático.
- O discurso reafirma a política externa brasileira voltada à autonomia e ao multilateralismo.
Durante entrevista à The New Yorker, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a China como aliada essencial do Brasil. Ao mesmo tempo, criticou duramente o ex-presidente Donald Trump, relacionando-o ao avanço do negacionismo político global. As declarações ganham peso no atual cenário de realinhamento geopolítico.
China como aliada estratégica do Brasil
Lula iniciou a entrevista destacando a importância geopolítica da China para o Brasil. “Graças a Deus temos a China”, declarou, em tom enfático. Segundo ele, a relação entre os dois países transcende o comércio tradicional, alcançando setores estratégicos como tecnologia, energia, infraestrutura e inovação. Essa aproximação, conforme explicou, não apenas reforça a economia brasileira, mas também fortalece a soberania nacional frente às pressões internacionais.
Além disso, o presidente apontou que a China tem se mostrado um parceiro confiável, ao contrário de outras potências que impõem condições políticas para manter a cooperação. Para Lula, a postura chinesa de respeito à autonomia dos países parceiros contribui diretamente para a construção de uma nova ordem mundial baseada no multilateralismo. Com isso, ele reafirmou a defesa de um mundo multipolar, em que nenhuma nação exerça domínio unilateral.
Ainda nesse contexto, o presidente destacou o papel do Brasil no fortalecimento dos BRICS e outras alianças Sul-Sul. Ele mencionou que o desenvolvimento de laços econômicos e diplomáticos com a China representa não apenas uma oportunidade estratégica, mas também uma resposta concreta à instabilidade das relações com os Estados Unidos, especialmente após governos mais hostis em Washington.
Trump como símbolo de retrocesso democrático
Em contrapartida, Lula não poupou críticas ao ex-presidente norte-americano Donald Trump. O líder brasileiro classificou o republicano como “um negacionista das instituições”, fazendo referência direta à recusa de Trump em aceitar os resultados da eleição presidencial de 2020. Para Lula, essa postura representa uma ameaça grave ao Estado de Direito e à estabilidade institucional em democracias mundo afora.
O presidente brasileiro foi além ao afirmar que líderes como Trump estimulam comportamentos autoritários e desrespeitosos, tanto dentro quanto fora de seus países. Ele alertou que o enfraquecimento das instituições tem impacto direto sobre a confiança popular na democracia, abrindo espaço para discursos radicais, intolerância e ataques a jornalistas, juízes e opositores políticos.
Segundo Lula, o diálogo entre nações deve se basear em respeito mútuo, valores democráticos e compromisso com os direitos humanos. Por isso, não há, segundo suas palavras, interesse em estabelecer relações próximas com lideranças que representem retrocessos civis e institucionais.
Repercussão internacional e mensagem diplomática
As declarações de Lula ganharam ampla repercussão internacional, sobretudo em veículos estrangeiros atentos à crescente influência da China na América Latina. Diplomatas e analistas políticos interpretaram a fala como mais um sinal da guinada diplomática brasileira em direção ao Oriente e ao Sul Global, com menor dependência dos Estados Unidos e da Europa.
Apesar de críticas de setores conservadores, principalmente nos EUA, o governo brasileiro mantém o discurso de soberania e autonomia. A narrativa construída pela diplomacia brasileira reforça o desejo de ocupar posição de destaque nos fóruns multilaterais, como ONU, G20 e BRICS, defendendo uma governança internacional mais inclusiva.
Por fim, Lula reiterou que o Brasil precisa manter sua capacidade de decidir seus próprios caminhos. Sendo assim, isso inclui escolher com quem se relacionar, sempre considerando os interesses do povo brasileiro e a necessidade de promover uma economia sustentável e socialmente justa. Essa visão tem sido a base do novo reposicionamento global do país.