- Entidades suspeitas de fraudes bilionárias integram 16 conselhos do governo Lula, incluindo colegiados do Planalto
- Auditoria da CGU revela que quase todos os aposentados consultados tiveram descontos indevidos aplicados sem autorização
- Volume das fraudes e reclamações explodiu a partir de 2023, com indícios de favorecimento institucional a organizações envolvidas
Entidades suspeitas de participar de um esquema de fraudes que desviou até R$ 6,5 bilhões de aposentadorias do INSS têm assento garantido em diversos conselhos e grupos consultivos do governo Lula (PT).
Levantamento realizado com base em dados do Diário Oficial da União aponta que essas organizações estão em ao menos 16 colegiados federais, distribuídos em 10 ministérios, incluindo pastas estratégicas no Palácio do Planalto.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) é a entidade com maior presença: faz parte de todos os conselhos mapeados. De acordo com relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), a Contag é também a responsável por reter a maior parcela de recursos dos aposentados envolvidos nas possíveis fraudes.
Essas organizações, que deveriam representar a sociedade civil na formulação de políticas públicas, participaram de discussões e propostas que envolvem diretamente a Previdência, inclusive no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o “Conselhão”, que presta assessoramento direto ao presidente da República.
Descontos indevidos atingiram 97,6% dos aposentados entrevistados
A CGU divulgou no fim de abril de 2025 um relatório explosivo com os resultados de uma auditoria nacional. Segundo o documento, 97,6% dos aposentados e pensionistas consultados entre abril e julho de 2024 tiveram descontos associativos não autorizados aplicados diretamente em seus benefícios do INSS.
A auditoria revelou que 96% dos entrevistados afirmaram não participar de nenhuma associação. Mesmo assim, os valores eram retirados da folha de pagamento mensalmente, sem consentimento formal dos beneficiários.
Em números absolutos, os descontos passaram de R$ 706 milhões em 2022 para R$ 2,8 bilhões em 2024, um salto de quase 300%.
A CGU também apontou que o volume de reclamações por esses descontos disparou nos últimos dois anos. Em abril de 2024, foram registradas 192 mil solicitações de cancelamento nos canais do INSS. Dessa forma, uma alta expressiva desde o início do governo Lula, em 2023.
Entidades suspeitas ampliaram presença no governo após 2022
A investigação indica que essas práticas fraudulentas começaram a se intensificar a partir de 2022, mas ganharam escala em 2023 e 2024. Além de integrarem conselhos do governo Lula, representantes das entidades suspeitas participaram de ao menos 15 reuniões nos ministérios da Previdência, do Desenvolvimento Social e no INSS.
Embora com atuação mais discreta, algumas dessas organizações também tinham acesso à estrutura do governo Bolsonaro (PL). Entre 2019 e 2022, a Contag integrou 10 conselhos federais, oito deles no Ministério da Agricultura. No entanto, a frequência dos atos institucionais envolvendo a entidade era bem menor na gestão anterior.
O presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos, ocupa posição de destaque em conselhos como o Conselhão. Ele mantém relação próxima com o governo Lula, com quem se reuniu várias vezes, ainda que informalmente.
A proximidade entre o Executivo e instituições investigadas por fraudes levanta questionamentos sobre a falta de controle e fiscalização na concessão de espaço institucional para entidades da sociedade civil.
O cenário exposto pela CGU coloca em xeque a integridade dos mecanismos de participação social no governo federal. Assim, reforçando a necessidade de uma profunda revisão nos critérios de composição desses colegiados. Especialmente, diante da escalada de fraudes que atingem diretamente milhões de aposentados e pensionistas brasileiros.