Gigante da tecnologia

Made in Índia: seu próximo smartphone não será mais chinês

Expectativas de Wall Street realoca produção para Índia e Vietnã para fugir da guerra comercial, enquanto Trump ameaça inflação.

Crédito: Depositphotos
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  • Apple transfere produção de iPhones para Índia e iPads para Vietnã para evitar tarifas de Trump
  • Empresa supera expectativas com lucro de US$ 24,78 bi e receita de US$ 95,36 bi
  • Tim Cook mantém relações com Trump e planeja investimentos de US$ 500 bi nos EUA

O CEO da Apple, Tim Cook, confirmou que a gigante da tecnologia está redesenhando sua cadeia global de suprimentos para proteger seu negócio dos impactos da guerra comercial iniciada por Donald Trump.

Durante a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, Cook revelou que a maioria dos iPhones vendidos nos Estados Unidos neste trimestre será fabricada na Índia. iPads e outros dispositivos, por sua vez, sairão do Vietnã.

A estratégia visa driblar as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que voltou a acenar com medidas agressivas contra produtos vindos da China. A dependência histórica da Apple das fábricas chinesas colocou a companhia na linha de fogo dos embates comerciais entre Washington e Pequim.

Cook não escondeu a preocupação com os efeitos financeiros dessas tarifas. Ele afirmou que a Apple espera que os custos aumentem em US$ 900 milhões no trimestre atual, caso não haja mudanças nas políticas comerciais.

Ainda assim, reforçou a confiança da empresa no modelo de negócios e ressaltou os ajustes na cadeia de suprimentos como fundamentais para garantir competitividade global.

Lucro dispara e supera previsões do mercado

Apesar do cenário de incertezas, a Apple encerrou os três primeiros meses do ano com resultados sólidos. A empresa lucrou US$ 24,78 bilhões, ou US$ 1,65 por ação, superando as estimativas de analistas, que previam lucro de US$ 1,62 por ação. A receita subiu 5,1%, atingindo US$ 95,36 bilhões, também acima das expectativas de US$ 94,19 bilhões.

Segundo Thomas Monteiro, analista da plataforma Investing.com, parte do crescimento pode estar relacionada ao aumento das compras por consumidores que anteciparam suas aquisições para evitar os efeitos das tarifas nos preços.

Ainda assim, as margens permaneceram saudáveis, o que aponta para um equilíbrio financeiro mesmo diante de custos mais altos e logística mais complexa.

A Apple, portanto, segue se destacando como uma das poucas empresas globais capazes de combinar escala de produção com alta margem de lucro, mesmo em meio a choques macroeconômicos e reconfigurações geopolíticas.

Cook joga dos dois lados e aproxima Apple do poder político

Além da realocação de fábricas, a estratégia da Apple inclui manter portas abertas com o poder político. Tim Cook já teve reuniões privadas com Donald Trump e chegou a doar US$ 1 milhão para a segunda posse do republicano. Ele também esteve presente na cerimônia de posse presidencial, sinalizando uma relação pragmática com o governo, independentemente da tensão comercial.

Após os primeiros atritos em 2019, a Apple anunciou investimentos de US$ 500 bilhões nos Estados Unidos, incluindo a criação de 20 mil empregos. A movimentação buscava, claramente, agradar a Casa Branca enquanto a empresa reposicionava sua estrutura produtiva global para evitar tarifas e instabilidade.

Mesmo com a pressão sobre empresas americanas para reduzirem sua dependência da China, a Apple parece estar conseguindo adaptar-se rapidamente. Dessa forma, mantendo rentabilidade, margem operacional e, principalmente, a confiança de investidores.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.