Imagem impactada

Metade do país rejeita impostos de Lula, mas apoio cresce entre jovens e mais pobres

Nova pesquisa Quaest revela que apoio ao presidente resiste entre mais pobres, mas perde força em faixas intermediárias e no eleitorado de Ciro e Tebet.

Metade do país rejeita impostos de Lula, mas apoio cresce entre jovens e mais pobres Metade do país rejeita impostos de Lula, mas apoio cresce entre jovens e mais pobres Metade do país rejeita impostos de Lula, mas apoio cresce entre jovens e mais pobres Metade do país rejeita impostos de Lula, mas apoio cresce entre jovens e mais pobres
Crédito: Depositphotos
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  • Governo é mais bem avaliado entre os mais pobres; reprovação cresce nas faixas intermediárias e mais ricas.
  • Jovens mantêm apoio; idosos, eleitores de Ciro e Tebet lideram desaprovação.
  • Para 46%, Lula exagera nas críticas à Justiça; percepção pode afetar imagem entre moderados.

A mais recente pesquisa Quaest sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva revela um cenário de estabilidade nos números gerais, mas repleto de contrastes nos recortes por faixa de renda, idade, região e voto em 2022.

A pesquisa, que ouviu eleitores de todo o país, também mostrou que cresce a percepção de que Lula exagera nas críticas ao Judiciário — um fator que pode estar impactando sua imagem em setores mais moderados da sociedade.

Aprovação resiste entre os mais pobres, mas se esvai nas classes médias

O presidente mantém aprovação elevada entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos: 41% avaliam seu governo como positivo. Esse número é significativo, pois mostra que, apesar das dificuldades econômicas, programas como o Bolsa Família seguem garantindo apoio nas camadas mais vulneráveis. A reprovação nessa faixa é a menor registrada entre os diferentes estratos econômicos: apenas 24%.

No entanto, ao subir a escada social, os números mudam. Entre quem recebe de dois a cinco salários mínimos, apenas 28% aprovam o governo, enquanto 36% o reprovam. Já entre os que ganham mais de cinco salários, a reprovação atinge 45%, e a aprovação desce para 24%. Ou seja, há um claro distanciamento das classes médias, justamente onde o governo esperava recuperar confiança com medidas econômicas mais técnicas.

Essa tendência sinaliza que a comunicação do governo ainda falha em alcançar os brasileiros que não dependem diretamente dos programas sociais. Mesmo com iniciativas voltadas à retomada do crescimento, a percepção de descontrole fiscal e embates políticos pode estar pesando negativamente entre esses grupos.

Jovens sustentam apoio; idosos demonstram maior crítica

A faixa etária também influencia na avaliação do governo. Jovens entre 16 e 34 anos são o grupo mais simpático a Lula: 38% aprovam sua gestão, número acima da média nacional. Isso pode estar relacionado ao discurso mais progressista do presidente em temas como educação, diversidade e emprego juvenil. A rejeição nesse grupo é de 28%.

Entre pessoas de 35 a 59 anos, o cenário já se mostra mais dividido: 34% aprovam e 33% desaprovam o governo. Já no grupo acima dos 60 anos, há um viés mais crítico — apenas 29% aprovam, enquanto 37% desaprovam. Essa inversão pode refletir uma maior sensibilidade dos mais velhos às questões econômicas e institucionais, além de um histórico de identificação maior com pautas mais conservadoras.

Assim, a base jovem se mantém como uma das principais âncoras de sustentação política para Lula, enquanto o eleitorado mais maduro parece estar cada vez mais cético quanto à condução do país.

Polarização por voto e rejeição entre eleitores de centro

A pesquisa mostra que 71% dos eleitores que votaram em Lula em 2022 continuam aprovando sua gestão. Do outro lado, 63% dos que votaram em Jair Bolsonaro desaprovam o governo. Esses dados confirmam que a polarização segue intensa e com pouco espaço para deslocamentos entre os polos.

Porém, o dado mais preocupante para o governo é o afastamento dos eleitores de centro. Apenas 16% dos que votaram em Ciro Gomes ou Simone Tebet aprovam Lula, enquanto 43% desaprovam. Esses eleitores, que foram decisivos no segundo turno, parecem insatisfeitos com a condução do governo, sobretudo na área econômica e no enfrentamento institucional.

Essa perda de respaldo entre os moderados aponta para uma dificuldade do Planalto em construir uma coalizão mais ampla, essencial para sustentar reformas no Congresso e ampliar sua base política.

Críticas à Justiça dividem opinião e geram ruído

Outro ponto sensível revelado pela pesquisa é a percepção sobre o embate entre Lula e o Judiciário. Para 46% dos entrevistados, o presidente está exagerando nas críticas ao sistema de Justiça. Já 35% acreditam que ele está certo nas reclamações, e 14% acham que ele ainda fala menos do que deveria.

Esse dado sugere que, embora as críticas possam mobilizar parte da militância, também causam desconforto em segmentos que valorizam a institucionalidade. A tensão constante com o Supremo Tribunal Federal e com decisões judiciais, mesmo que estratégicas do ponto de vista político, parece ampliar o desgaste entre os indecisos e moderados.

Portanto, com isso, o presidente enfrenta o desafio de manter a fidelidade de sua base sem se isolar das faixas mais sensíveis à estabilidade institucional — o que será crucial para o restante do mandato.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.

Licenciado em Letras, apaixonado por esportes, música e cultura num geral.