
- Reformas de Milei eliminam regras que travavam o setor privado, segundo o presidente da Camarbra
- Entidade busca ajudar empresários brasileiros e argentinos a entender e aproveitar a nova realidade econômica da Argentina
- Produtores rurais ainda sentem os impactos negativos das reformas, mas Camarbra defende que resultados virão a médio prazo
O presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo (Camarbra), Federico Servideo, fez declarações contundentes durante o AgroTalk Show, evento que antecedeu a abertura da Agrishow 2025.
Em tom de otimismo e urgência, Servideo afirmou que o presidente da Argentina, Javier Milei, está finalmente fazendo “o básico”: desburocratizar, cortar gastos e dar liberdade ao setor privado.
“O governo de Milei está limpando a casa. Está eliminando um emaranhado de normas inúteis que travavam a produtividade. Está cortando o gasto público e combatendo a inflação. Isso é o mínimo necessário para o setor privado voltar a respirar”, declarou Servideo ao público do evento voltado ao agronegócio.
Com forte presença de empresários e investidores brasileiros e argentinos, o AgroTalk Show foi palco de debates sobre a nova dinâmica econômica da Argentina. Contudo, país que, segundo Servideo, vive um momento de ruptura com décadas de má gestão.
“Nos últimos cem anos, a Argentina só teve superávit fiscal em sete. Isso mostra o tamanho do desequilíbrio que herdamos”, afirmou o líder empresarial.
À frente da Camarbra, entidade dedicada a fortalecer os laços comerciais entre Brasil e Argentina, Servideo disse que a missão atual da instituição é ajudar empresários a entender e aproveitar as oportunidades geradas pelas reformas.
“Estamos ajudando o setor privado a navegar nessa nova Argentina. Queremos identificar e fomentar parcerias bilaterais que cresçam com essa mudança de paradigma”, disse.
Segundo ele, a lógica por trás das medidas do governo Milei é simples, mas revolucionária dentro do contexto argentino.
“Durante muito tempo, criou-se na Argentina uma cultura de intervenção estatal sufocante. Hoje, vemos uma tentativa real de devolver protagonismo ao setor produtivo”, explicou.
Apesar do discurso otimista, há resistências. Em entrevista, dois produtores da cidade de Bragado, no noroeste da província de Buenos Aires, manifestaram frustração com o atual governo.
Segundo eles, a política econômica de Milei ainda não trouxe alívio para o campo e o corte de subsídios, aliado ao aumento dos custos, tem dificultado a vida no setor rural. As críticas, contudo, não diminuem o entusiasmo de Servideo, que defende paciência e visão de médio prazo.
“É claro que há dor no curto prazo. Reformar um país quebrado exige sacrifícios. Mas se o governo conseguir seguir firme nesse caminho, a Argentina pode emergir como uma potência agrícola e industrial renovada”, acredita.
Ele encerrou sua participação no AgroTalk Show pedindo mais integração comercial entre Argentina e Brasil, especialmente no setor do agronegócio.
“Temos que aproveitar essa transformação para aproximar ainda mais os dois países. O Brasil é o parceiro natural da Argentina nessa nova fase”, concluiu.