- Fintech atinge breakeven e fortalece operação com geração de caixa própria
- Investimentos dobram penetração na base de clientes e já dominam os ativos da Nomad
- Foco em expansão no Brasil inclui cartão de crédito em reais e novos produtos financeiros
A fintech Nomad alcançou um marco importante em sua trajetória ao atingir, em fevereiro, uma receita recorrente anualizada (ARR) de R$ 500 milhões. Com esse resultado, a empresa chegou ao breakeven pela primeira vez desde sua fundação há cinco anos, além de iniciar uma modesta geração de caixa.
A conquista veio pouco mais de um ano após a fintech levantar US$ 61 milhões em uma rodada Série B liderada pela Tiger Global.
Lucas Vargas, CEO e fundador da Nomad, afirmou que a empresa entrou numa fase de maior estabilidade financeira, sem depender de novas rodadas de capital.
“Estamos nessa tendência de gerar caixa, mas não existe o objetivo de maximizar essa geração. Ainda somos uma empresa jovem com muitas frentes de desenvolvimento”, afirmou.
Segundo ele, a companhia só consideraria um novo aporte caso houvesse uma oportunidade estratégica com valuation adequado.
A Nomad encerrou 2023 com cerca de US$ 20 milhões em caixa e, agora, com a operação se sustentando, ganha flexibilidade para executar novos planos com recursos próprios.
Investimentos ganham protagonismo e ampliam receita
Nos últimos anos, a Nomad transformou seu modelo de negócio. Inicialmente conhecida por oferecer uma conta internacional com serviços de câmbio e cartão de débito, a empresa voltou seu foco para o segmento de investimentos.
Essa estratégia inclui carteiras administradas, renda variável e, mais recentemente, produtos de renda fixa. Contudo, um segmento que exigiu novas licenças e reforço na equipe, com a contratação de um diretor de risco.
A mudança começa a dar resultados. A penetração dos investimentos na base de clientes dobrou em 12 meses. No fim de 2022, 5% dos 1,3 milhão de clientes utilizavam a plataforma de investimentos. No fim de 2023, a base de clientes havia saltado para 2,6 milhões, com 10% usando também os serviços de investimento.
“Hoje os investimentos já respondem por dois terços dos nossos ativos, que estão ao redor de US$ 1 bilhão”, destacou Natália Lima, CFO da Nomad.
Apesar de o banking ainda ser responsável pela maior parte da receita no curto prazo, o segmento de investimentos tende a gerar receitas mais estáveis e aumentar o valor do cliente ao longo do tempo.
Essa tendência deve se intensificar em 2024, após a fintech obter a licença de broker-dealer nos Estados Unidos. Com isso, a Nomad poderá capturar uma fatia maior da receita gerada pelas operações de investimento, que antes eram parcialmente repassadas a parceiros.
Nova fase mira expansão de produtos no Brasil
Com a plataforma de investimentos consolidada, o próximo passo da Nomad será fortalecer sua atuação no mercado doméstico. A fintech lançou em 2023 um cartão de crédito em reais, ainda em fase beta, com cerca de 10 mil clientes ativos.
O plano para este ano é multiplicar essa base por dez, expandindo o alcance do produto e testando sua viabilidade em larga escala.
Além do cartão, a empresa pretende lançar novos produtos voltados ao cliente brasileiro de alta renda, incluindo seguros e opções de crédito. Para Lucas Vargas, essa é uma evolução natural.
“Nos vemos não como uma conta global, mas como um player que atende o cliente brasileiro de alta renda. Isso significa que podemos lançar todos os produtos que façam sentido para esse cliente, seja no exterior ou no Brasil.”
A estratégia mostra que a Nomad caminha para deixar de ser apenas uma plataforma de serviços internacionais e se consolidar como uma solução financeira completa, voltada a um público exigente e com alto potencial de geração de receita no longo prazo.