A Polícia Federal (PF) concluiu nesta terça-feira (17) as investigações sobre um suposto esquema de espionagem ilegal montado no interior da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No relatório final, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF pede o indiciamento de 35 pessoas, incluindo o próprio Bolsonaro, seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e até integrantes da atual gestão da Abin, por obstrução de Justiça.
As informações são da Daniela Lima, no G1.
Essa investigação aponta que uma estrutura paralela de monitoramento ilegal de autoridades públicas, jornalistas e opositores políticos foi montada com o uso de equipamentos e servidores públicos, dentro da agência de inteligência do governo federal.
O que a PF descobriu?
Segundo o relatório, o então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, teria sido o responsável por organizar e estruturar o esquema com uso de tecnologias de vigilância avançada — como o sistema de geolocalização FirstMile, usado sem autorização judicial.
Já Carlos Bolsonaro é apontado como o operador político do grupo, chefiando o chamado “gabinete do ódio”, que teria usado informações obtidas ilegalmente para alimentar ataques coordenados nas redes sociais contra adversários e instituições.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo a Polícia Federal, sabia da existência do esquema e foi diretamente beneficiado pelas informações coletadas de forma ilícita.
Espionagem ampla e política na gestão Bolsonaro
A operação da PF identificou que o grupo monitorava, sem autorização legal, autoridades dos Três Poderes. Entre os alvos estariam:
- Alexandre de Moraes, ministro do STF;
- Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados;
- Rodrigo Maia, ex-deputado e ex-presidente da Câmara;
- Renan Calheiros (MDB-AL), senador;
- E diversos jornalistas e servidores públicos.
A ação foi classificada pelos investigadores como uma organização criminosa instalada no aparato do Estado, com objetivos políticos.
Governo Lula também entra na mira
O caso teve desdobramentos inesperados: a atual gestão da Abin também é alvo de críticas no relatório final da PF. O diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa, delegado da própria corporação, foi incluído na lista de indiciados sob acusação de obstrução de Justiça.
De acordo com os investigadores, mesmo após o início do novo governo, servidores da Abin tentaram impedir o avanço das investigações, dificultando acesso a informações e omitindo dados relevantes.
O que acontece agora?
O relatório final será agora analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal. Cabe ao STF decidir se aceita os indiciamentos e autoriza a abertura de processos criminais formais contra os envolvidos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) também será acionada para se manifestar sobre os pedidos da PF e definir o andamento da denúncia.