Os jovens da China têm enfrentado um aumento no desemprego, o que tem afetado diretamente seus hábitos de consumo, resultando em uma diminuição do vigor econômico gerado por essa faixa etária, enquanto os idosos se destacam por sua resiliência financeira. O economista-chefe da SDIC Securities, Gao Shanwen, em declarações feitas em uma conferência de investidores em Shenzhen, destacou que a situação econômica pós-pandemia tem afetado de forma diferente as diversas faixas etárias no país.
Gao explicou que, quanto mais jovem é a população de uma província, mais lento tem sido o crescimento do consumo. Segundo sua análise de dados regionais, a confiabilidade dos jovens na renda futura diminuiu drasticamente, o que tem gerado uma queda nas suas disposições de compra, especialmente no que se refere à aquisição de imóveis. O desemprego entre os jovens atingiu níveis elevados, com uma taxa de 17,1% em outubro de 2024, mais de três vezes a taxa de desemprego nacional em áreas urbanas. Este cenário tem gerado uma pressão significativa nos orçamentos familiares, limitando os gastos e gerando uma retração nas compras.
Além disso, a pandemia de COVID-19 e a subsequente crise imobiliária afetaram profundamente a confiança do consumidor, especialmente entre os mais jovens, cujos salários foram cortados e demissões se tornaram mais frequentes. A falta de perspectivas de emprego formal para a geração mais jovem da China tem levado muitos a retornar para suas cidades natais ou procurar empregos temporários, resultando em uma redução na força de trabalho urbana.
O impacto da aposentadoria na geração mais velha
Em contraste, a geração mais velha da China tem se destacado com finanças mais saudáveis, especialmente em um momento em que a pandemia e a crise imobiliária afetaram mais duramente os jovens. A estabilidade nos pagamentos de pensões tem sido um dos fatores que contribuíram para a resiliência financeira dos idosos. Gao observa que, ao contrário dos jovens, os idosos não enfrentam os mesmos desafios de emprego, o que os coloca em uma posição financeira mais estável, permitindo-lhes consumir de maneira constante.
Além disso, os idosos chineses são frequentemente vistos como um grupo vibrante e ativo, em contraste com a falta de energia que Gao descreve em relação aos mais jovens, que se mostram sem vida e desesperados com a falta de perspectivas. Essa mudança no comportamento econômico reflete um fenômeno notável nas províncias mais jovens, onde o consumo tem sido mais modesto e a economia mais retraída.
Os comentários de Gao rapidamente viralizaram nas redes sociais chinesas, como o Weibo e o WeChat, gerando discussões sobre as tensões econômicas no país. As declarações francas sobre a desconfiança dos jovens na economia e sobre a diferença entre as faixas etárias em relação ao consumo rapidamente se tornaram um tópico quente. No entanto, algumas postagens relacionadas a esse discurso foram removidas pelas autoridades, com alegações de que violavam as normas de censura das contas públicas online.