
- Wall Street prevê queda de até 15% nas bolsas americanas.
- S&P 500 (SPX) opera com múltiplos acima da média histórica.
- CEOs do Goldman Sachs e Morgan Stanley veem correção como “ajuste saudável”.
Após uma escalada de mais de 40% no S&P 500 desde abril, executivos dos maiores bancos de Wall Street alertam que uma queda de até 15% nas bolsas pode estar próxima e que, surpreendentemente, seria “bem-vinda”.
Os CEOs Ted Pick, do Morgan Stanley, e David Solomon, do Goldman Sachs, disseram que as ações estão muito valorizadas. Eles afirmaram que uma correção seria saudável após o recente rally do mercado americano.
Mercados no limite
O S&P 500 está sendo negociado a 23 vezes o lucro projetado, acima da média de cinco anos de 20 vezes, segundo dados da Bloomberg. Já o Nasdaq 100 alcança múltiplos de 28 vezes, ante 19 em 2022, níveis considerados “esticados” por analistas.
Para Mike Gitlin, CEO do Capital Group, gestor de US$ 3 trilhões, “a maioria das pessoas diria que estamos entre o justo e o caro, mas ninguém diria que o mercado está barato”.
Apesar de lucros corporativos sólidos, o alto preço das ações e os riscos geopolíticos tornam o cenário mais vulnerável. Desse modo, Gitlin e Pick destacaram ainda o perigo de um erro de política monetária nos EUA como gatilho para uma correção.
Ajuste sem pânico
Pick classificou uma possível queda de 10% a 15% como “um desenvolvimento saudável”, reforçando que os ciclos de mercado incluem fases de correção antes de novas altas. Segundo ele, as quedas ajudam investidores a “reavaliar fundamentos e dispersar o capital com eficiência”.
David Solomon, do Goldman Sachs, concorda. Ele afirmou que as orientações do banco para clientes continuam sendo manter posição e ajustar portfólios, evitando tentar “cronometrar o mercado”.
Já Ken Griffin, da Citadel, disse que os mercados tendem a se tornar irracionais no auge dos ciclos, e que o momento atual mostra sinais típicos de euforia: “Estamos muito envolvidos em um mercado em alta.”
Rali sob pressão
O otimismo dos últimos meses é testado pelo avanço das avaliações e pela desaceleração da economia americana. Os futuros do Nasdaq caíram 1,4% na terça-feira, puxados pela Palantir Technologies (PLTR), que despencou mais de 4% após resultados considerados inflados.
Ainda assim, os CEOs de Wall Street mantêm a visão de longo prazo positiva. Solomon afirmou que quedas pontuais não alteram o fluxo de capital nem a tendência estrutural de crescimento da renda variável.
Enquanto isso, investidores monitoram com cautela os múltiplos do mercado e o ritmo da economia, temendo que a “saúde” desse ajuste venha acompanhada de volatilidade prolongada.