- A Natura comprou as operações internacionais da Avon por US$ 125 milhões após acordo de falência, abrindo caminho para novas estratégias para a marca
- O Bradesco BBI destaca que o acordo diminui os riscos e permite à Natura avançar na simplificação corporativa, mantendo a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 20 para 2025
- A XP Investimentos vê a Natura com um modelo de negócios mais simples e um P&L mais leve, com boas perspectivas para a América Latina e valuation atrativo
- O Itaú BBA alerta para a necessidade de uma solução estratégica para a Avon Internacional, já que a queima de caixa continua sendo um obstáculo
Na quarta-feira (4), a Natura (NTCO3) anunciou que o tribunal responsável pelos procedimentos de falência Chapter 11 da Avon Products Inc. (API), uma subsidiária da companhia, aprovou um acordo global entre a Natura e o Comitê Oficial de Credores Quirografários da Avon.
Com a aprovação, a Natura assumirá as operações da Avon fora dos Estados Unidos por meio de uma oferta de crédito de US$ 125 milhões.
Esse movimento marca um avanço significativo para a Natura, que agora retoma os estudos sobre “alternativas estratégicas” para a Avon.
Redução de riscos
O acordo traz boas notícias para a Natura, uma vez que reduz os riscos relacionados aos passivos da Avon, principalmente os de credores quirografários, e permite à companhia continuar sua trajetória de simplificação corporativa.
O Bradesco BBI, em análise sobre a situação, destacou que a conclusão do processo de falência da Avon alivia significativamente o risco para a Natura e abre portas para novas iniciativas estratégicas.
Entre as áreas de foco destacadas pelo banco estão: uma possível venda, cisão ou parcerias para a Avon Internacional, a finalização da integração da Avon na América Latina e a normalização dos fundamentos financeiros da Natura&Co após a simplificação.
Perspectiva positiva
O BBI mantém uma perspectiva positiva sobre o valor potencial que a Natura pode gerar a partir dessas mudanças e, como resultado, reiterou sua classificação de compra para as ações da empresa, com um preço-alvo de R$ 20 até o final de 2025.
A análise do banco reflete a confiança no potencial de valorização das ações da Natura. Dada a série de medidas estratégicas que estão sendo implementadas para fortalecer a operação da companhia.
A XP Investimentos também se mostrou otimista com os próximos passos da Natura. O banco acredita que, com a conclusão do processo de falência e a venda das operações internacionais da Avon, a Natura passará a contar com um modelo de negócios mais simples e com uma estrutura de resultados financeiros mais leve.
Esse movimento deve trazer benefícios não apenas para a rentabilidade da Natura, mas também para a sua posição competitiva no mercado. A XP continua a ver o valuation da Natura como atraente. Assim, com um múltiplo de Preço/Lucro de 12,5 vezes para 2025 e um retorno de fluxo de caixa (FCF yield) de cerca de 9%.
Além disso, os analistas da XP veem uma boa chance de a Natura realizar um pagamento extraordinário de dividendos em 2025. Assim, o que pode agradar os investidores.
Desafios
Porém, os analistas do Itaú BBA ressaltam que o maior desafio da Natura agora é encontrar uma solução estratégica eficaz para a Avon Internacional. Embora a operação latino-americana da Natura continue sólida, com forte geração de caixa, o foco no mercado local é claro para a administração.
A reconsolidação da Avon Internacional pode retardar ou enfraquecer os planos de uma operação 100% centrada na América Latina. A queima de caixa da Avon, estimada em US$ 120 milhões por ano com as margens EBITDA atuais, ainda representa um obstáculo considerável.
Os analistas acreditam que a resolução dessa questão será o próximo grande gatilho para as ações da Natura, com possíveis implicações para o futuro das operações internacionais.
Perspectivas para a Natura
O futuro da Natura&Co está atrelado a uma série de fatores, incluindo a simplificação corporativa. Além da integração da Avon na América Latina e a resolução dos desafios relacionados à Avon Internacional.
O mercado está atento às movimentações estratégicas da companhia e à forma como ela conseguirá lidar com a complexidade das operações globais da Avon.
Apesar dos obstáculos, os analistas são otimistas quanto à capacidade da Natura de gerar valor a partir dessas iniciativas. Isto, além de fortalecer sua posição como líder no setor de cosméticos na América Latina.
Com o foco claro na região, a Natura segue avançando com uma estratégia robusta de reestruturação e simplificação. Contudo, que pode resultar em uma valorização das suas ações nos próximos anos.