Política

PT gasta R$ 173 mil em campanha digital contra super-ricos e mira resgate da popularidade de Lula

Aposta em confronto “ricos x pobres” mira resgate de apoio popular em meio à queda de popularidade do presidente e avanço da pauta conservadora no Congresso

Campanha PT
Reprodução

Em meio à pior crise política desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o PT (Partido dos Trabalhadores) decidiu ir às redes sociais com força: gastou pelo menos R$ 173 mil entre os dias 26 de junho e 4 de julho de 2025 em uma campanha digital que defende a maior taxação de bilionários, bancos e casas de apostas — os chamados “super-ricos”.

A ofensiva ocorre no Instagram e Facebook, com peças patrocinadas que tentam retomar a narrativa do partido junto à opinião pública.

A principal mensagem: “Quem tem mais, paga mais”. A iniciativa tem sido chamada dentro do partido de “campanha BBB” — sigla para Bilionários, Bancos e Bets.

A peça de maior destaque, que consumiu R$ 90 mil em apenas cinco dias, mostra cidadãos comuns carregando baldes enquanto, no fundo, um céu azul e o logo do PT contrastam com a frase: “Partido dos Trabalhadores”.

Outra peça traz Lula segurando uma placa que diz “taxação dos super-ricos”. Só essa imagem recebeu R$ 3 mil em impulsionamento em um único dia (2.jul), em plena escalada do desgaste político do presidente. Já o vídeo “Boteco do Brasa: mais justiça tributária” contou com R$ 30 mil em divulgação paga.

Segundo a advogada eleitoral Marilda Silveira, não há qualquer ilegalidade na estratégia do partido:

“A lei autoriza impulsionamento em redes, mas não na TV ou rádio fora do período eleitoral”, explicou ao Poder360.

A ação digital acontece em um cenário de tensão. O Congresso Nacional tem dificultado a tramitação de projetos do Executivo, enquanto a popularidade de Lula recua em meio a cobranças por cortes de gastos e maior rigor fiscal.

Na última quinta-feira (3), militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) ocuparam um prédio do Itaú, em São Paulo, cobrando as pautas defendidas pelo PT — um reflexo do tensionamento entre movimentos sociais e o sistema financeiro.

Aposta em mobilização simbólica

Dirigentes petistas admitem que o embate digital tem duplo objetivo: reacender o engajamento da base social e pressionar o Legislativo. Relembrando estratégias de campanhas anteriores, o partido tenta usar a polarização entre ricos e pobres como motor de mobilização política.

O pano de fundo é a defesa de medidas como a taxação de offshores e fundos exclusivos, propostas por Lula e travadas no Congresso. O presidente tem dito que é hora de “corrigir injustiças” no sistema tributário.

“O Brasil precisa parar de cobrar dos pobres e deixar os bilionários intocados”, disse Lula recentemente em agenda oficial.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.