Recorte preocupante

Quase um terço da população brasileira é de analfabetos funcionais

Estudo revela que 29% da população entre 15 e 64 anos não compreende textos simples, evidenciando estagnação educacional e impactos sociais profundos.

Crédito: Depositphotos
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  • 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais, índice que permanece inalterado desde 2018, segundo o Inaf 2025.
  • A estagnação revela falhas estruturais no sistema educacional e prejudica o acesso à cidadania, ao trabalho e à informação.
  • A superação do problema exige políticas públicas integradas, investimento em professores, inclusão digital e engajamento social.

O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) de 2025 mostra que 29% da população brasileira entre 15 e 64 anos é analfabeta funcional, índice que permanece estagnado desde 2018. A incapacidade de compreender textos básicos ou resolver problemas simples interfere diretamente no acesso à cidadania e aos direitos sociais. Além disso, revela um fracasso estrutural do sistema educacional e amplia desigualdades históricas no país.

Analfabetismo funcional: o desafio persistente

No Brasil, cerca de um terço da população entre 15 e 64 anos não consegue entender um texto simples nem fazer contas básicas. Isso significa que, embora muitos saibam ler e escrever palavras, não dominam as habilidades necessárias para interpretar uma bula de remédio, entender uma placa ou resolver uma conta cotidiana. Esses dados são do Inaf 2025, que aponta a manutenção de um cenário preocupante: o índice de analfabetismo funcional permanece em 29% desde 2018.

Essa realidade compromete mais do que o aprendizado. Ela limita as possibilidades de inserção profissional, enfraquece o exercício da cidadania e contribui para a propagação da desinformação. Apesar de políticas educacionais pontuais, o avanço tem sido inexpressivo, e a desigualdade segue evidente. Jovens entre 15 e 29 anos, por exemplo, apresentaram piora: o índice subiu de 14% em 2018 para 16% em 2024, agravado pelos impactos da pandemia.

A COVID-19 interrompeu aulas presenciais e desafiou o ensino remoto, afetando especialmente alunos em situação de vulnerabilidade. Muitos não tinham acesso à internet ou recursos tecnológicos, o que ampliou as lacunas já existentes no sistema educacional brasileiro.

Consequências sociais e econômicas

O analfabetismo funcional não afeta apenas a vida escolar. Ele se reflete diretamente nas relações de trabalho, nas oportunidades de crescimento pessoal e na qualidade das decisões individuais. Sem dominar plenamente a leitura e o raciocínio matemático, o cidadão encontra dificuldades para preencher formulários, compreender contratos ou buscar informações confiáveis.

Além disso, essa deficiência acarreta prejuízos econômicos. Empresas enfrentam mão de obra menos qualificada, e o país perde em produtividade. O problema também reduz a capacidade crítica da população, o que dificulta a participação política e o controle social sobre os serviços públicos.

A estagnação dos dados indica falhas estruturais. Políticas públicas continuam insuficientes e, muitas vezes, desarticuladas. Apesar de investimentos pontuais, faltam estratégias contínuas de alfabetização, especialmente para jovens e adultos. Programas existentes não têm alcance suficiente ou não respeitam a diversidade regional e social do país.

Caminhos para enfrentar o problema

Superar o analfabetismo funcional exige compromisso de longo prazo. Primeiramente, é essencial investir em formação de professores, infraestrutura escolar e métodos pedagógicos eficazes. Além disso, políticas inclusivas precisam considerar as realidades locais, respeitando contextos culturais e socioeconômicos.

Também é necessário ampliar o acesso a tecnologias educacionais. Ferramentas digitais podem auxiliar na alfabetização de adultos e facilitar o ensino em áreas remotas. No entanto, para que isso funcione, o país precisa garantir conectividade e capacitação tecnológica tanto para educadores quanto para os alunos.

Por fim, é fundamental mobilizar a sociedade. Campanhas de conscientização devem estimular a participação comunitária, valorizando a educação como um direito essencial. Com articulação entre governo, empresas e sociedade civil, é possível transformar esse cenário e reduzir a exclusão silenciosa que ainda atinge milhões de brasileiros.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.