
- Simulações indicam que é possível pagar aluguel de até R$ 5,8 mil com dividendos de FIIs
- Dividend yield médio dos FIIs foi de 1,07% em abril; resultado serve de base para os cálculos
- Especialistas recomendam foco na diversificação e qualidade de crédito
Investir para viver de renda passiva é o sonho de muitos brasileiros e os fundos imobiliários (FIIs) surgem como protagonistas nesse plano. Mas quanto, exatamente, é preciso aplicar nesses ativos para arcar com uma despesa mensal concreta, como o aluguel de um imóvel? A resposta depende de dois fatores principais: o valor do imóvel e o rendimento médio dos fundos que compõem o IFIX, o principal índice de FIIs da Bolsa.
Segundo o último levantamento do Índice FipeZAP, o custo médio de locação residencial no Brasil está em R$ 48,66 por metro quadrado. Em cidades como São Paulo, o valor dispara para R$ 60,45/m², enquanto Teresina apresenta a média mais baixa, de R$ 23,38/m².
Com base na média nacional, alugar um imóvel de 80m² custa cerca de R$ 3.892,80 por mês. Para 100m², o valor sobe para R$ 4.866, e um imóvel de 120m² demanda R$ 5.839,20 mensais.
Quanto investir para viver de renda com FIIs?
Com o dividend yield médio dos FIIs marcando 1,07% em abril, segundo dados do IFIX, a analista Priscilene Nunes, da Ticker Research, fez uma simulação de quanto seria necessário investir para cobrir esses valores mensais de aluguel apenas com os dividendos dos FIIs. O resultado pode surpreender:
- Para cobrir R$ 3.892,80 (80m²): é preciso investir R$ 367.551,40
- Para cobrir R$ 4.866,00 (100m²): o necessário é R$ 454.766,35
- Para cobrir R$ 5.839,20 (120m²): a quantia sobe para R$ 545.719,62
Vale lembrar que esse cálculo considera o rendimento atual, que pode variar com o tempo. Além disso, oscilações nas cotas dos fundos e mudanças no cenário macroeconômico (como juros, inflação e inadimplência) também afetam o retorno real do investidor.
O que observar ao escolher FIIs?
Embora muitos se encantem com os rendimentos mensais dos fundos imobiliários, Priscilene Nunes alerta que a escolha precisa ser criteriosa.
“É fundamental olhar para o futuro do fundo, e não apenas para o histórico de rentabilidade”, afirma a analista.
Nos fundos de tijolo, que investem em ativos físicos como shoppings, lajes corporativas e galpões logísticos, a diversificação é essencial. Fundos com imóveis em várias regiões e segmentos tendem a ser menos voláteis e mais resilientes em momentos de crise.
Já os fundos de papel, que compram títulos de dívida do setor imobiliário, exigem atenção redobrada.
“É importante analisar a qualidade do crédito. Um fundo pode pagar dividendos altos hoje, mas se a inadimplência crescer, esse retorno desaba”, alerta a especialista.
Ela recomenda FIIs com ativos de boa nota de crédito, mesmo que o retorno aparente seja menor. Em um cenário de juros altos e risco fiscal elevado, a preservação do capital deve ter prioridade sobre rentabilidades momentaneamente mais atraentes.
Vale a pena?
Embora investir em fundos imobiliários para custear o aluguel seja possível, não é um plano que se concretiza da noite para o dia. A quantia necessária para gerar um rendimento suficiente é elevada, o que exige disciplina, aportes constantes e uma boa estratégia de diversificação.
Ainda assim, os FIIs continuam sendo uma excelente alternativa de renda passiva, especialmente para investidores que buscam liquidez, isenção de IR sobre dividendos e acesso a imóveis de alto padrão sem a necessidade de grandes aportes iniciais.