Mercado agitado

Rappi acirra disputa do delivery com taxa zero e app turbinado para conquistar o Brasil

Startup quer reconquistar restaurantes e usuários com preços mais baixos e nova experiência interativa.

Crédito: Depositphotos
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  • Restaurantes ficam isentos de taxas até 2027, em estratégia que visa preços mais baixos e escala.
  • Plataforma agora tem IA, redes sociais e entregas ultrarrápidas com lojas 24h.
  • Aposta é que a expansão e diversificação das verticais sustentem o novo modelo.

Na luta dos aplicativos de entrega, a Rappi decidiu contra-atacar. A empresa lançou um plano ousado para recuperar espaço no Brasil, que envolve taxa zero para restaurantes por três anos, novo aplicativo com recursos sociais e R$ 1,4 bilhão em investimentos até 2028.

Sendo assim, desde 5 de maio, a plataforma passou a isentar bares e restaurantes de taxas de intermediação, oferecendo ainda uma taxa reduzida de entrega para entregadores. A ideia é atrair mais estabelecimentos e clientes ao prometer uma experiência de uso aprimorada e preços mais competitivos. O CEO da operação brasileira, Felipe Criniti, afirmou que o plano é de longo prazo e não apenas uma reação à nova concorrência no país.

Estratégia agressiva

O novo modelo da Rappi inclui isenção total de taxas para restaurantes que entrarem na plataforma até o final de julho. Atualmente com menos de 10% de participação no mercado brasileiro, a startup quer ganhar escala para competir diretamente com o iFood, líder disparado do setor.

A lógica é simples: eliminando a taxa de 27% praticada em média pelas plataformas, os restaurantes não precisarão inflacionar os preços no app. Com isso, a comida chega mais barata ao consumidor final. Um prato de R$ 73, por exemplo, que antes custava cerca de R$ 100 no delivery, agora pode ser oferecido por um valor bem mais próximo do original.

Segundo Criniti, a estratégia mira principalmente a recuperação da vertical de alimentação. Essa categoria representa a porta de entrada para 80% dos novos usuários no app. Destes, 32% costumam migrar para outros serviços como farmácias, supermercados e bebidas – o que gera efeito de escala.

Concorrência acirrada e novas apostas

O mercado de delivery no Brasil se tornou ainda mais competitivo com a volta da 99Food, da chinesa DiDi, e a chegada da Keeta, ligada à gigante Meituan. A primeira começa a operar em Goiânia com isenção de comissões e taxas reduzidas. Já a segunda promete investir R$ 5,6 bilhões no país nos próximos anos.

Diante desse cenário, os restaurantes se veem pressionados pelas altas taxas das plataformas, mas também pela impossibilidade de repassar os custos ao consumidor. Para Rocio Franco, pesquisadora da Euromonitor, esse clima de tensão abre espaço para players com propostas mais vantajosas ou flexíveis.

A Abrasel, entidade que representa o setor, estima que as taxas atuais variam de 18% a 30%. Por isso, segundo o presidente da entidade, Paulo Solmucci, o modelo de taxa zero pode ser mais do que uma ação promocional — pode se tornar uma nova regra do jogo.

Nova fase inclui app reformulado e IA

A reformulação do aplicativo é outro pilar central do projeto. A empresa promoveu a maior atualização desde a fundação, com foco em usabilidade e personalização da experiência do usuário. O app agora traz inteligência artificial para sugestões de pedidos, interface mais intuitiva e até funcionalidades de rede social.

Usuários podem seguir amigos, influencers e chefs, além de acessar novas abas de ofertas e de entregas ultrarrápidas, chamadas de Rappi Turbo. Este modelo, com entregas em até 15 minutos e lojas funcionando 24h, deve receber 22% dos investimentos previstos. Outros 40% serão destinados à vertical de alimentos, e 38% à eficiência operacional e tecnologia.

Desse modo, Felipe Criniti, que assumiu o comando da Rappi no Brasil após a compra da Box Delivery, garante que o plano vem sendo desenhado desde novembro de 2024. Portanto, a meta é ampliar de 50 para mais de 300 cidades brasileiras até 2028.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.