- 46% dos testes realizados no biodiesel entre dezembro e janeiro apontaram irregularidades
- Adulteração gera ganhos ilícitos de até R$ 0,22 por litro
- Sindicom pede suspensão temporária da mistura e reforço na fiscalização para combater irregularidades
O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) protocolou um pedido junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para suspender temporariamente a adição de 14% de biodiesel ao óleo diesel por até 90 dias.
A justificativa é o aumento expressivo de fraudes na composição do produto, comprometendo a qualidade do combustível e prejudicando toda a cadeia de distribuição.
Testes indicam irregularidades alarmantes
Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, mais de 100 testes foram realizados no setor de combustíveis. Os resultados foram preocupantes: 46% das amostras apresentaram irregularidades. São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Paraná estão entre os estados mais afetados, pois registram o maior consumo de diesel.
O setor de produção de biodiesel também notificou a ANP sobre a queda acentuada nos volumes retirados de biodiesel em comparação com o mesmo período do ano anterior, um indício claro da adulteração do produto final, segundo o Sindicom.
Impacto financeiro e criminalidade no setor
As fraudes na composição do biodiesel geram ganhos ilegais de até R$ 0,22 por litro, afetando desde a produção até os postos de combustíveis. A prática irregular ganhou força devido ao aumento expressivo no preço do biodiesel, que subiu 41% em 2024, contra apenas 2% do diesel puro.
A ANP intensificou as fiscalizações e já fechou cinco distribuidoras em todo o país, uma medida inédita e considerada essencial pelo Sindicom. No entanto, a agência destaca que a falta de orçamento limita a ampliação dessas operações.
Medidas para combater as fraudes
Diante do cenário preocupante, o Sindicom e outras entidades do setor estão apoiando a Frente Parlamentar do Biodiesel na busca por mais recursos e equipamentos para fortalecer a fiscalização. O objetivo é evitar que a adulteração prejudique ainda mais o mercado e a transição para combustíveis mais sustentáveis.
Mozart Rodrigues Filho, diretor executivo do Sindicom, reforçou a importância do combate às fraudes para viabilizar a implementação da Lei do Combustível do Futuro, que prevê um aumento gradual de 1% ao ano na mistura de biodiesel, chegando a 20% até 2030.
“Este é o momento de prepararmos o país para que essa mudança ocorra de forma estruturada e benéfica para a sociedade. Precisamos garantir impactos positivos para o meio ambiente, fortalecer o ambiente de negócios e combater o crime organizado”, afirmou Rodrigues Filho.